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FOCO
Mesmo com carteira, paulista é presa ao dirigir nos EUA
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Mesmo alegando ter a documentação necessária para
dirigir nos EUA, a estudante
brasileira Julia Gottschalk,
19, acabou detida -e algemada- pela polícia do Estado da Geórgia sob a acusação
de não ter as licenças válidas.
O caso, levado ao governo
estadual, foi parar em TVs e
jornais locais e motivou um
debate sobre regras de condução para estrangeiros.
Participante de intercâmbio do tipo "au pair" (com atividade de babá) na cidade de
Marietta (Geórgia), ela dirigia
o carro da família para a qual
trabalha. Tinha a carteira de
motorista brasileira e também a carteira internacional,
o que é confirmado pela polícia local.
Procurado pela Folha, o
Departamento de Veículos
da Geórgia disse que essa documentação é a necessária. O
órgão afirma que a licença local só é exigida de quem tem
"status" de residente nos
EUA ou para quem ficará no
país mais de um ano.
O caso aconteceu no dia 18
de agosto. A jovem, que é
paulista, foi liberada depois
de pagar fiança de US$ 780
(cerca de R$ 1.300) e ter o status migratório checado. Ela
diz "ter certeza" de que foi
"confundida com uma imigrante ilegal".
À Folha a polícia local diz
que teve motivos para pensar
que ela era residente no Estado. "Por ela estar trabalhando aqui e estar no Estado há
mais de 30 dias, foi [correto]
presumir que era residente",
disse o sargento Dana Pierce,
do departamento de polícia.
A jovem também é acusada de ultrapassar um sinal
vermelho, o que nega. Será
julgada no dia 30. Pela lei estadual, falta de licença adequada para dirigir pode render prisão de até um ano.
"HORROR"
"O policial me falou um
monte de absurdos, disse
que eu devo adorar morar
aqui, pois é cheio de brasileiros", conta ela. "Fiquei em
pânico. Me colocaram por
horas em uma sala cheia de
traficantes e ladrões."
O condado de Cobb, onde
fica a cidade de Marietta, foi
alvo no ano passado de um
relatório do grupo de direitos
civis americano ACLU por supostos abusos de policiais
contra imigrantes.
A polícia local nega qualquer tipo de discriminação.
O Consulado-Geral do Brasil em Atlanta, que acompanha o caso, enviou carta formal para o promotor-geral da Geórgia e contatou a assessoria do governador do Estado.
Mas diplomatas dizem que
os próprios advogados públicos divergem sobre a legalidade da prisão -a brasileira
terá de convencer o juiz de
que ficará menos de um ano
no país e que, por isso, estava
com as licenças certas.
A Folha consultou quatro
empresas de aluguel de carros no Estado. Duas disseram
que a carteira do Brasil era
suficiente; outras duas, que
eram necessárias a brasileira
e a internacional. Ninguém
perguntou se a repórter era
turista ou residente.
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