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Pó de siderúrgica incomoda vizinhos no RJ
Deputada do Parlamento Europeu vai investigar as denúncias de que a poeira tem causado problemas de saúde
Moradores queixam-se
de que o pó levou ao
aumento de problemas
respiratórios e de pele;
empresa já foi multada
DIANA BRITO
DO RIO
Todos os dias, nuvens de
um pó brilhoso cobrem ruas
e casas nos arredores da CSA
(Companhia Siderúrgica do
Atlântico), em Santa Cruz,
zona oeste do Rio.
Moradores queixam-se de
que o pó levou ao aumento
de problemas respiratórios e
de pele. Segundo a Secretaria
Municipal de Saúde, cresceu
o número de atendimentos
de crianças de até cinco anos
com problemas respiratórios
no posto do bairro.
A siderúrgica, uma sociedade do grupo alemão
ThyssenKrupp com a Vale,
foi inaugurada em 18 de junho. As queixas dos moradores vieram logo depois.
No final de agosto, a Secretaria Estadual do Ambiente
multou a CSA em R$ 1,8 milhão por causa da emissão de
partículas.
De acordo com a siderúrgica, o pó -grafite- não é tóxico (leia texto nesta página).
O caso chamou a atenção
do Parlamento Europeu. A
deputada alemã Gabriele
Zimmer, membro da GUE/
NGL (Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica
Verde), visitará hoje a siderúrgica e a comunidade local
para investigar as denúncias.
A ENSP (Escola Nacional
de Saúde Pública), ligada à
Fiocruz, criou uma comissão
técnica para investigar os impactos da siderúrgica na saúde da população.
"Não existe siderúrgica
limpa. É uma atividade industrial pesada, que gera impactos na saúde dos trabalhadores e dos moradores ao
redor", diz Marcelo Firpo,
pesquisador da ENSP e integrante da comissão.
A doméstica Ivonete Martins, 55, vizinha da CSA, diz
que passou a apresentar problemas de pele desde o início
das operações da empresa.
"Já passei por quatro médicos e todos disseram que estou com um problema grave
de alergia a esse pó", afirma.
"Precisamos de ajuda. O
pó cai na nossa comida e não
adianta beber água que a
garganta continua seca",
queixa-se o comerciante José
Gomes Quintino, 59.
De acordo com o médico
Luiz Paulo Loivos, do IDT
(Instituto de Doenças do Tórax) da UFRJ (Universidade
Federal do Rio de Janeiro) e
coordenador de pneumologia do hospital Quinta D'Or,
o pó emitido pela siderúrgica
é um misto de metais, do
qual o ferro faz parte.
A gravidade do problema
depende da quantidade e do
período ao longo do qual o
indivíduo fica exposto a ele.
"Essa poluição pode causar sintomas mais simples,
como tosse, irritação na garganta e falta leve de ar, mas
também alergias e problemas mais graves, como fibrose pulmonar", afirma.
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