São Paulo, sexta-feira, 17 de setembro de 2010

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Pó de siderúrgica incomoda vizinhos no RJ

Deputada do Parlamento Europeu vai investigar as denúncias de que a poeira tem causado problemas de saúde

Moradores queixam-se de que o pó levou ao aumento de problemas respiratórios e de pele; empresa já foi multada

DIANA BRITO
DO RIO

Todos os dias, nuvens de um pó brilhoso cobrem ruas e casas nos arredores da CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico), em Santa Cruz, zona oeste do Rio.
Moradores queixam-se de que o pó levou ao aumento de problemas respiratórios e de pele. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, cresceu o número de atendimentos de crianças de até cinco anos com problemas respiratórios no posto do bairro.
A siderúrgica, uma sociedade do grupo alemão ThyssenKrupp com a Vale, foi inaugurada em 18 de junho. As queixas dos moradores vieram logo depois.
No final de agosto, a Secretaria Estadual do Ambiente multou a CSA em R$ 1,8 milhão por causa da emissão de partículas.
De acordo com a siderúrgica, o pó -grafite- não é tóxico (leia texto nesta página).
O caso chamou a atenção do Parlamento Europeu. A deputada alemã Gabriele Zimmer, membro da GUE/ NGL (Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde), visitará hoje a siderúrgica e a comunidade local para investigar as denúncias.
A ENSP (Escola Nacional de Saúde Pública), ligada à Fiocruz, criou uma comissão técnica para investigar os impactos da siderúrgica na saúde da população.
"Não existe siderúrgica limpa. É uma atividade industrial pesada, que gera impactos na saúde dos trabalhadores e dos moradores ao redor", diz Marcelo Firpo, pesquisador da ENSP e integrante da comissão.
A doméstica Ivonete Martins, 55, vizinha da CSA, diz que passou a apresentar problemas de pele desde o início das operações da empresa. "Já passei por quatro médicos e todos disseram que estou com um problema grave de alergia a esse pó", afirma.
"Precisamos de ajuda. O pó cai na nossa comida e não adianta beber água que a garganta continua seca", queixa-se o comerciante José Gomes Quintino, 59.
De acordo com o médico Luiz Paulo Loivos, do IDT (Instituto de Doenças do Tórax) da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e coordenador de pneumologia do hospital Quinta D'Or, o pó emitido pela siderúrgica é um misto de metais, do qual o ferro faz parte.
A gravidade do problema depende da quantidade e do período ao longo do qual o indivíduo fica exposto a ele.
"Essa poluição pode causar sintomas mais simples, como tosse, irritação na garganta e falta leve de ar, mas também alergias e problemas mais graves, como fibrose pulmonar", afirma.


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