São Paulo, Domingo, 17 de Outubro de 1999
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URBANISMO
Prefeito Celso Pitta envia na quarta-feira projeto de lei para regulamentar construção no centro de SP
Projeto do megaprédio chega à Câmara

ANTONIO CARLOS SEIDL
da Reportagem Local

O prefeito Celso Pitta (PTN) envia na próxima quarta-feira à Câmara Municipal de São Paulo mensagem e projeto de lei regulamentando a construção do Maharishi São Paulo Tower, um megaedifício de 510 metros de altura e 108 andares, o mais alto do mundo, que ocupará 15% de um novo parque de 1,3 milhão de m2 no bairro do Pari, no centro de São Paulo.
O empreendimento de US$ 1,65 bilhão estará situado no perímetro formado pela rua São Caetano, ao norte, av. Rangel Pestana, ao sul, rua Antonio Paes, a oeste, e rua Barão de Ladário, a leste, mais o parque Dom Pedro.
O Maharishi São Paulo Tower é uma iniciativa conjunta do MGDF (Maharishi Global Development Fund), um fundo internacional de investimentos imobiliários, sediado em Nova York, e do grupo brasileiro Brasilinvest, presidido pelo empresário Mario Garnero.
A construção deverá criar 10 mil empregos diretos e 35 mil indiretos. Quando pronto, o empreendimento terá uma população fixa de 50 mil pessoas e uma população flutuante de outras 50 mil.
Em contrato assinado com o grupo Brasilinvest, em Nova York, no último dia 23 de agosto, o MGDF se comprometeu a "bancar" a obra até o limite de US$ 1,65 bilhão. O MGDF e o Brasilinvest formaram a empresa Tower Empreendimentos para construir e gerenciar a megatorre.
O MGDF é controlado pelo monge hindu Maharishi Mahesh Yogi, que foi guru dos Beatles na década de 60, tendo investimentos imobiliários em cerca de 15 países, entre eles EUA, Alemanha, Holanda, Japão, Índia e Canadá.

Desapropriação
De acordo com o projeto de lei, os empreendedores arcarão com o custo estimado em R$ 200 milhões da desapropriação de residências e prédios comerciais existentes na área e da transferência da atual zona cerealista para regiões periféricas.
A construção de um anel viário de acesso ao prédio, com um custo estimado em R$ 378 milhões, também ficará sob a responsabilidade dos empreendedores.
Por acreditar na rápida aprovação do projeto de lei na Câmara, Mario Garnero prevê o lançamento da pedra fundamental da construção no dia 25 de janeiro de 2000, durante as comemorações do aniversário da cidade, e a conclusão das obras em 2005.
Segundo Mario Garnero, os vereadores "não deixarão essa oportunidade escapar das mãos de São Paulo", já que o megaprojeto representa "três Fords" -uma referência à nova fábrica da Ford, na Bahia, um investimento de US$ 500 milhões, que provocou uma polêmica "guerra fiscal" entre Estados da federação.
O projeto de lei propõe a implantação pela Prefeitura, por meio de concorrência pública, de um centro para a realização de eventos esportivos e artísticos, com capacidade para 25 mil pessoas, no formato do "Millennium Dome", de Londres, a majestosa construção de teto abobadado que a rainha Elizabeth vai inaugurar no próximo dia 31 de dezembro, nas comemorações da passagem do século na capital britânica.

IPTU
Mario Garnero diz que o Maharishi São Paulo Tower, além de contribuir com os planos da Prefeitura de São Paulo para a reurbanização e revitalização do centro da cidade, sob a coordenação do Procentro (Programa de Requalificação Urbana e Funcional do Centro de São Paulo), terá um forte impacto econômico nos cofres municipais, gerando, quando concluído, cerca de R$ 15 milhões em IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e investimentos privados de R$ 3 bilhões por ano.
Idealizado pelo escritório de arquitetura Minori Yamasaki, cuja obra mais conhecida internacionalmente é o World Trade Center, de Nova York, o projeto do Maharishi São Paulo Tower, que custou US$ 80 milhões aos empreendedores, conta, agora, com a participação de quatro arquitetos brasileiros: Alcindo Dell'Agnese, Edo Rocha, Cândido Malta Filho e Benedito Abbud (responsável pelo projeto de paisagismo).
Por sugestão dos arquitetos brasileiros, a fachada do projeto não será mais de concreto e granito, mas de vidro. A forma piramidal será mantida. A pirâmide é formada por quatro prédios, em torno de sete mezaninos a cada sete andares. Cada bloco de 15 andares terá usos diferentes, abrigando, desde a base, um centro de convenções e exposições de 110 mil m2, shopping centers, cinemas, teatros, restaurantes, escolas, universidade, centro médico, escritórios, hotel e apartamentos.
Estão previstas quatro garagens subterrâneas para 15 mil e 25 mil automóveis, que serão ligadas ao prédio, estações de metrô e de trem e terminais de ônibus por meio de um sistema de transporte por monotrilho.

Igreja
Na área do parque, além do "domo" proposto pela Prefeitura, dois destaques: a nova igreja de São Vito, a ser construída em terreno doado pelos empreendedores à Arquidiocese de São Paulo, e um centro comunitário ecumênico, a ser implantado no prédio tombado de uma antiga fábrica do grupo industrial Matarazzo.
Preocupado em mitigar o impacto do empreendimento na rede de infra-estrutura local, o projeto quer fazer da megatorre um "prédio ecológico". A idéia é tornar o prédio auto-suficiente em energia elétrica, prevista para ser produzida no local por uma usina de gás natural de 105 megawatts. A iluminação noturna das fachadas será feita por meio de energia solar, captada durante o dia por células fotoelétricas.


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