São Paulo, Domingo, 17 de Outubro de 1999
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Crianças podem ser portadoras sadias

da Reportagem Local

As crianças que desenvolvem bactérias resistentes se tornam portadoras, muitas vezes sadias, e transmitem essas bactérias a outras crianças.
A transmissão ocorre por meio do contato com a saliva (inclusive pelos espirros) da criança infectada. "Aquelas que ficam em creches ou berçários na maior parte do dia são as mais suscetíveis, porque estão em contato com um ar que normalmente está contaminado por essas bactérias", afirma a pediatra Tania Sih. Essas crianças podem desenvolver uma infecção e precisar de antibióticos fortes para superar a doença.
Segundo ela, a principal forma de prevenção é o aleitamento materno prolongado (de seis meses a um ano), quando a mãe passa anticorpos para o filho, aumentando a capacidade imunológica da criança.
Mas há também outro tipo de prevenção, essa voltada aos pediatras. "Boa parte dos médicos não está fazendo bom uso dos antibióticos", diz Tania.
Segundo um documento publicado pela Academia Americana de Pediatria, em 98, médicos admitiram que, se receitassem até 20% a 50% menos antibióticos, não haveria impacto negativo sobre o cuidado de seus pacientes.
"Nos EUA, existe uma campanha grande nesse sentido. Temos de divulgar isso aqui também."
Existem dois exames que permitem saber se a infecção é viral ou bacteriana. Mas eles são caros, o que impede sua utilização na maioria dos consultórios do país. Um deles é um teste rápido, realizado durante a própria consulta, que mistura uma amostra da flora das amígdalas com um antígeno da bactéria. Se a substância aglutinar, a infecção é bacteriana. Um kit para 50 testes custa R$ 600.
Outro, o exame de cultura, é feito em laboratório, e o resultado demora cerca de dois dias. Mas esse exame, também caro, não é pedido habitualmente na primeira consulta de um paciente com infecção nas vias respiratórias.
"Enquanto há essas dificuldades, o médico tem de observar melhor os sintomas, esperar alguns dias. Se a infecção não melhorar, aí sim deve-se pensar em prescrever um antibiótico", afirma o pediatra João Gilberto Sprotte Mira. (PL)

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