São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2004

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BOTICA MODERNA

Segmento diz que erros de formulação são "pontuais"

Setor cria programa e certificado de excelência

DA REPORTAGEM LOCAL

Na quinta-feira da semana passada, um grupo de 180 farmacêuticos reunia-se em silêncio numa sala do Transamerica Expo Center, na zona sul de São Paulo. Do lado deles, acontecia o agito da 2ª Feira de Equipamentos, Produtos e Serviços para Farmácias Magistrais. Os 180 prestavam exame para a obtenção do título de especialista em "Farmácia Magistral Alopática". Hoje, são 800 os detentores desse título, numa categoria de 15 mil membros.
É apenas uma parte do trabalho de qualificação do setor das farmácias de manipulação, patrocinado pela associação nacional do segmento, a Anfarmag.
Sobre os 27 casos de danos à saúde causados por medicamentos manipulados, apontados pelo INCQS da Fundação Oswaldo Cruz, a presidente entidade, Vania Regina de Sá admite: "Foram erros. Estamos instruindo os farmacêuticos sobre como evitá-los." Lançado em agosto passado, o "Programa de Qualificação Anfarmag" tem 400 farmácias inscritas, o que representa 25% do total de farmácias associadas à entidade, ou 7,5% do total.
"Nossos erros, no entanto, são pontuais. Quando a indústria erra, é um lote com milhares de comprimidos que sai errado. As conseqüências podem ser muito mais severas à saúde pública", diz a presidente da Anfarmag.
"A partir de dezembro, as farmácias que fizerem o programa de qualificação e apresentarem resultados positivos, já receberão seus certificados de excelência. Será uma clara indicação de qualidade para o consumidor."
A entidade tem uma importância crucial numa categoria formada por empresas de pequeno e médio porte (o capital inicial mínimo para abrir uma farmácias de manipulação é de R$ 200 mil, entre equipamentos e instalação).
Sem verba para adquirir os custosos equipamentos de análise de matérias-primas, por exemplo, as farmácias ficariam à mercê dos fornecedores, e poderiam colocar os consumidores diante de riscos ainda maiores.
A Anfarmag, entretanto, está auditando os fornecedores e emitindo certificados de qualidade aos que provarem ser bons .
Dos 60 grandes fornecedores do mercado nacional, 17 já se cadastraram para receber o certificado. "As próprias farmácias já estão cobrando de seus fornecedores a inclusão no programa de qualificação. Será mais uma garantia aos consumidores", diz Vania.
Sobre o relacionamento das farmácias de manipulação com a indústria, a presidente da Anfarmag admite: "O objetivo maior da manipulação de medicamentos é a formulação e o atendimento individualizado". Mas, ela acrescenta: "Se nós fazemos bem os medicamentos individualizados, por que não fazer também aquelas fórmulas que a indústria produz, mas a um preço mais em conta? Será que é melhor deixar sem tratamento um paciente sem condições de comprar o remédio industrializado, mas que pode arcar com os custos do manipulado?"
A pedido da Folha, Vania elaborou um pequeno roteiro para comprar com mais segurança um remédio manipulado:
1. Procure o farmacêutico responsável. Seguir a prescrição médica é mais fácil se você tem a ajuda de um farmacêutico.
2. Peça para visitar o laboratório da farmácia de manipulação. Observe as condições gerais de higiene, da mesma forma que você faria num restaurante.
3. Os farmacêuticos adoram exibir os diplomas dos cursos que freqüentam. É uma informação útil aos consumidores que podem, assim, verificar se o farmacêutico está se atualizando. (LC)


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