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SAÚDE
Nova técnica evita sessões no pós-operatório e já foi utilizada por 51 mulheres que tiraram tumor na mama
Radioterapia é feita durante cirurgia
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma nova técnica cirúrgica permite que a mulher com diagnóstico de câncer da mama receba toda a radioterapia necessária em
uma única sessão durante a cirurgia de retirada do tumor. Isso evita as seis semanas de radioterapia
pós-operatória preconizadas na
terapia convencional.
Chamada de "radioterapia intra-operatória", a técnica é indicada a mulheres com tumores de até
3 cm, em que é possível retirar o
câncer e preservar a mama. No
Brasil, já foi usada em 51 mulheres
nos hospitais Albert Einstein e Sírio Libanês (SP) e no hospital da
PUC do Rio Grande do Sul.
Em tese, esse método poderia
hoje ser utilizado em 30% dos casos de câncer da mama registrados no país-percentual dos que
têm diagnóstico precoce. Mas não
há previsão de quando ele poderá
ser implantado no SUS. O câncer
mamário é o que mais mata as
brasileiras -por ano são cerca de
41 mil casos e 9.000 óbitos.
A mesma técnica pode ser utilizada para outros tipos de tumor,
mas, em geral, são necessárias doses adicionais de quimioterapia
para um resultado seguro.
No caso do câncer da mama,
além de encurtar o tempo de tratamento radioterápico, o método
protege a pele, o tórax, o pulmão,
o coração e o restante de tecido
glandular sadio, locais que podem
ser atingidos com a radioterapia
externa. Há também menor risco
de queimaduras e cicatrizes na
pele, segundo o mastologista Alfredo Barros, do Sírio Libanês.
A expectativa é que a nova técnica também diminua o índice de
recidiva do tumor-que ocorre
entre 5 e 10% dos casos no tratamento conservador. Porém, pesquisas disponíveis não mostram
diferenças nesse aspecto em relação à técnica convencional.
O mastologista Silvio Bromberg, do hospital Albert Einstein,
afirma que os casos tratados até
agora mostram que a técnica é
muito promissora: em uma só dose substitui as 35 sessões de radioterapia tradicional, em que as doses precisam ser fracionadas para
evitar a toxicidade local.
Segundo o médico Antonio
Frasson, diretor de relações internacionais da Sociedade Brasileira
de Mastologia e um dos pioneiros
no uso da técnica no Brasil, para
que o procedimento fosse possível em dose única de radioterapia,
foi preciso estabelecer um cálculo
de equivalência de doses-entre a
dose total fracionada e a dose única diretamente no tecido. A técnica é considerada experimental.
Para Alfredo Barros, o método
vai ajudar especialmente moradoras de outras cidades que procuram um serviço de referência
em grandes centros urbanos para
fazer a cirurgia da mama e que
não podem esperar pelas cinco ou
seis semanas da radioterapia.
Além disso, segundo Barros, no
método convencional é necessária uma criteriosa análise do momento em que o tratamento deve
começar para não interferir com a
quimioterapia. "É comum primeiro se priorizar a quimio para
depois indicar a radioterapia. Isso
pode levar seis, sete meses", diz
Barros. Já a aplicação da radioterapia intra-operatória permite o
início imediato da quimioterapia.
"Do ponto de vista terapêutico, é
mais eficaz", diz o médico.
A aposentada Alayde Rodrigues, 64, foi uma das mulheres
que utilizou a radioterapia intra-operatória, depois da retirada de
um tumor de 2 cm na mama. O
câncer havia sido diagnosticado
em uma mamografia de rotina.
"Tinha hábito de fazer o auto-exame, mas não sentia nada", conta.
Moradora em São Caetano do Sul,
ela diz que o fato de ter recebido a
radioterapia já no ato cirúrgico facilitou a vida. "Seria complicado o
deslocamento", afirma. Neste
mês, ela completa a quinta sessão
de quiomioterapia.
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