São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2004

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Temor ainda não afetou venda de pacotes

DE LONDRES

A percepção do aumento da violência em grandes cidades brasileiras não afetou, recentemente, a venda de pacotes turísticos para o país. Mas é possível que comece a ter impacto negativo, caso essa tendência se intensifique. A análise é de Tim Murray-Walker, gerente de marketing da Journey Latin America, uma das maiores agências de turismo dedicadas à região no Reino Unido.
Walker conta que, por exemplo, depois da exibição do filme "Cidade de Deus", vários turistas perguntavam se o Brasil "era tão perigoso assim mesmo".
Segundo ele, as vendas ainda não foram afetadas, mas a tendência é que sejam, caso a imprensa internacional continue destacando a violência no país.
Walker diz que segue à risca os conselhos dados pelo governo britânico aos turistas e não vê exagero nas recomendações.
"Seria ótimo dizer que não há problemas, que a criminalidade é baixa, mas não seria verdade."
Ele explica que os turistas com mais possibilidade de desistir de ir ao Brasil por conta do aumento da violência são aqueles que não estão acostumados a viajar fora da Europa. Um segundo grupo, composto por pessoas que já são cientes dos riscos de grandes cidades como Rio e Cidade do México e que estão mais acostumadas a viajar por outras partes do mundo, não tende a ser afetado.
O casal britânico Emmanuel McDonald e Hannah Bicât faz parte do último grupo. Eles já estiveram no Brasil duas vezes e aproveitaram para aperfeiçoar a prática da capoeira -os dois se preparam para virar professores do esporte. McDonald esteve em várias cidades do Nordeste, como Fortaleza e Salvador. Hannah, além do Nordeste, também passou alguns dias no Rio de Janeiro.
"Realmente não tive problema nenhum com violência. Não gostei tanto da cidade como gostei do Nordeste, mas porque achei que o Rio é uma cidade grande."
Hannah notou, no entanto, que, para uma mulher, pode ser mais seguro estar acompanhada de um homem. "Quando você está sozinha ou com outra mulher, os homens ficam tentando falar com você e te parar o tempo todo."
McDonald conta que o único susto que tomou no Nordeste foi quando estava em um ônibus que foi parado pela polícia, que revistou todos os passageiros.
"No início pensei "o que está acontecendo, o que é isso?" Mas aí a pessoa que estava comigo me explicou que eles estavam procurando armas porque era uma rota onde assaltos eram comuns. Aí, até me senti mais seguro", conta.
Os dois afirmam que não acham que o Brasil seja tão perigoso e garantem que gostariam de voltar ao país, principalmente às regiões Nordeste e Norte.
"Eu teria ido ao Brasil no ano passado de novo se tivesse tido dinheiro", diz McDonald. (EF)


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