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Procon aponta falha em extensão de garantia
71% dos que a contrataram não sabiam nem foram informados que ela é um seguro, e não a ampliação da garantia do fabricante, diz pesquisa
Metade dos que tiveram de usá-la teve problemas; de fevereiro a agosto, garantias estendidas foram 60% dos atendimentos sobre seguros
CRISTINA MORENO DE CASTRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quando fechava a compra de
seis eletrodomésticos, a advogada Kamila Borges, 25, recebeu uma proposta que parecia
tentadora: os produtos teriam
garantia estendida por dois
anos, além da oferecida pelo fabricante. Era um "desconto"
que "pouparia gastos com consertos", ouviu dos vendedores.
Dias depois, refazendo as
contas, ela percebeu que não
era bem assim. Havia desembolsado ao menos R$ 100 a mais
por um seguro, que nada tem a
ver com a garantia original do
fabricante e cobre apenas o especificado no contrato. "Fiquei
com raiva por ter caído na lábia
do vendedor, que não me falou
as cláusulas do contrato nem
me avisou que era seguro."
Pesquisa do Procon-SP constatou que Kamila não é minoria: dos 87 consumidores ouvidos que haviam contratado a
garantia estendida, 71% não sabiam que era um seguro -feito
por uma seguradora, e não a
ampliação da garantia dada pelo fabricante- e quase um terço não teve acesso ao contrato.
Kamila recebeu seu contrato
em formato de folder, "com cara de propaganda", grampeado
na nota fiscal. Agora diz que
pretende lê-lo e cancelar a
compra "caso conclua que foi
lesada". Mas, conforme a pesquisa, todos os entrevistados
que tentaram cancelar o seguro
não conseguiram.
Para Cristina Martinussi, do
Procon, é difícil provar que o
vendedor não informou o funcionamento da garantia estendida nem ofereceu o contrato.
"É subjetivo. Vira alegação do
cliente contra alegação da loja."
Daqueles que precisaram
usar o seguro, metade teve algum problema, por esperar
uma garantia que não estava
prevista no contrato.
De fevereiro a agosto deste
ano, as garantias estendidas
responderam por 60% de todos
os atendimentos do Procon-SP
referentes a seguros -mil das
1.656 reclamações e dúvidas.
Isso indica que elas estão
sendo muito comercializadas e
o desconhecimento -de vendedores e consumidores- persiste, apesar de haver regulamentação desde 2005, diz Cristina.
"O fornecedor tem que preparar e informar melhor o vendedor. O consumidor tem que
se munir das informações, saber quais são as cláusulas de exclusão e o percentual do seguro
em relação ao preço pago, para
ver se vale a pena contratar."
Eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos, por exemplo,
ficam defasados rapidamente, e
o preço de um produto novo
pode ser menor que o valor do
conserto ou do seguro.
A pesquisa também fez uma
sondagem no que o Procon
considera "as principais lojas
do mercado". Apenas 4% dos
vendedores demonstraram ter
algum conhecimento do produto nas 25 lojas visitadas. Entre os 12 sites, 22% não apresentam as condições gerais da
apólice na hora da compra.
A Susep (Superintendência
de Seguros Privados) recebe
denúncias de consumidores
contra as seguradoras.
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