São Paulo, sábado, 17 de outubro de 2009

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Procon aponta falha em extensão de garantia

71% dos que a contrataram não sabiam nem foram informados que ela é um seguro, e não a ampliação da garantia do fabricante, diz pesquisa

Metade dos que tiveram de usá-la teve problemas; de fevereiro a agosto, garantias estendidas foram 60% dos atendimentos sobre seguros

CRISTINA MORENO DE CASTRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando fechava a compra de seis eletrodomésticos, a advogada Kamila Borges, 25, recebeu uma proposta que parecia tentadora: os produtos teriam garantia estendida por dois anos, além da oferecida pelo fabricante. Era um "desconto" que "pouparia gastos com consertos", ouviu dos vendedores.
Dias depois, refazendo as contas, ela percebeu que não era bem assim. Havia desembolsado ao menos R$ 100 a mais por um seguro, que nada tem a ver com a garantia original do fabricante e cobre apenas o especificado no contrato. "Fiquei com raiva por ter caído na lábia do vendedor, que não me falou as cláusulas do contrato nem me avisou que era seguro."
Pesquisa do Procon-SP constatou que Kamila não é minoria: dos 87 consumidores ouvidos que haviam contratado a garantia estendida, 71% não sabiam que era um seguro -feito por uma seguradora, e não a ampliação da garantia dada pelo fabricante- e quase um terço não teve acesso ao contrato.
Kamila recebeu seu contrato em formato de folder, "com cara de propaganda", grampeado na nota fiscal. Agora diz que pretende lê-lo e cancelar a compra "caso conclua que foi lesada". Mas, conforme a pesquisa, todos os entrevistados que tentaram cancelar o seguro não conseguiram.
Para Cristina Martinussi, do Procon, é difícil provar que o vendedor não informou o funcionamento da garantia estendida nem ofereceu o contrato. "É subjetivo. Vira alegação do cliente contra alegação da loja."
Daqueles que precisaram usar o seguro, metade teve algum problema, por esperar uma garantia que não estava prevista no contrato.
De fevereiro a agosto deste ano, as garantias estendidas responderam por 60% de todos os atendimentos do Procon-SP referentes a seguros -mil das 1.656 reclamações e dúvidas.
Isso indica que elas estão sendo muito comercializadas e o desconhecimento -de vendedores e consumidores- persiste, apesar de haver regulamentação desde 2005, diz Cristina.
"O fornecedor tem que preparar e informar melhor o vendedor. O consumidor tem que se munir das informações, saber quais são as cláusulas de exclusão e o percentual do seguro em relação ao preço pago, para ver se vale a pena contratar."
Eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos, por exemplo, ficam defasados rapidamente, e o preço de um produto novo pode ser menor que o valor do conserto ou do seguro.
A pesquisa também fez uma sondagem no que o Procon considera "as principais lojas do mercado". Apenas 4% dos vendedores demonstraram ter algum conhecimento do produto nas 25 lojas visitadas. Entre os 12 sites, 22% não apresentam as condições gerais da apólice na hora da compra.
A Susep (Superintendência de Seguros Privados) recebe denúncias de consumidores contra as seguradoras.


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