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Curso ruim atrai vestibulando pelo bolso
Faculdades privadas de administração e direito reprovadas em exame federal tiveram aumento de candidatos a vaga
É o que conclui estudo de ex-reitor da USP; educadores concordam que a qualidade pesa menos na escolha
Mateus Bruxel/Folhapress
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Leandro diz que valor da mensalidade
pesou na escolha
FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO
RAPHAEL MARCHIORI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quando escolheu cursar
direito na Unip, Leandro Gomes da Silva, 23, considerou
o valor da mensalidade e a
proximidade do campus com
seu trabalho, na zona sul de
São Paulo. Nem sabia que o
curso tinha nota baixa no
exame federal de qualidade.
"A mensalidade de R$ 600
está dentro do meu orçamento, ao contrário de outras universidades consideradas
tops. O brasileiro, pela condição social, pensa primeiramente nos custos para depois pensar na qualidade."
O caso de Leandro, que
deixou as notas do curso em
segundo plano no momento
de escolher a faculdade, está
mais para regra do que para
exceção, de acordo com estudo do pesquisador Roberto
Leal Lobo, ex-reitor da USP e
presidente do Instituto Lobo.
Ele verificou que os cursos
particulares de administração e direito reprovados no
exame federal (notas 1 ou 2
no Enade) tiveram aumento
de candidatos no vestibular.
Os crescimentos foram de,
respectivamente, 45% e 2%
entre 2006 e 2008, mesmo
após a divulgação das avaliações federais de qualidade.
As universidades particulares com fins lucrativos costumam ter mensalidades
mais baixas que as comunitárias, que reúnem as PUCs,
por exemplo. Estas, em geral,
investem mais em professores. Elas chegaram a perder
candidatos no período.
Áreas com mais matrículas no país, administração e
direito foram avaliadas pela
primeira vez em 2006 no
atual formato do exame.
"O maior atrativo aos estudantes menos preparados é
ainda, infelizmente, o valor
da mensalidade", diz Lobo.
A ideia do Ministério da
Educação é que a divulgação
dos resultados pode diminuir a procura por escolas
mal avaliadas. O governo federal criticou o estudo.
PREÇO É TUDO
Já três educadores ouvidos
pela Folha concordam que a
qualidade ainda não é primordial na hora da escolha.
"As avaliações têm algum
impacto, mas, sem recursos,
é difícil para o estudante escolher", afirma o presidente
do Iets (Instituto de Estudos
do Trabalho e Sociedade), Simon Schwartzman.
"O raciocínio é: se o curso
continua aberto é porque não
há problema", diz o vice-presidente da Anped (associação de pesquisadores em
educação), João Oliveira.
"Não podemos esquecer
ainda que as instituições privadas fazem propaganda
destacando um aspecto que
pode evidenciar qualidade."
Para o docente da USP Romualdo Portela, "quem sabe
o que é Enade ou IGC?" -ele
cita exames que avaliam, respectivamente, os cursos e a
instituição como um todo.
"Como hipótese, é possível que o resultado tenha impacto. Mas não há evidência
que isso esteja ocorrendo."
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