São Paulo, segunda-feira, 17 de outubro de 2011

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Impacto de nova estrada preocupa especialista

Para diretor do SOS Mata Atlântica, é preciso desenvolver plano com cautela

Pré-sal reflete aumento do fluxo no aeroporto de Itanhaém, que recebia média de cinco pessoas/dia em 2005

Eduardo Anizelli/Folhapress
»VOLTA DO LITORAL Movimento de carros na subida da rodovia dos Imigrantes ontem, quando uma forte neblina atrapalhou a visibilidade dos motoristas; após a operação comboio, o tráfego foi normalizado por volta das 16h

DE SÃO PAULO

Abrir a "nova Imigrantes" na serra do Mar talvez nem seja o grande problema -"há tecnologia para tudo"-, mas o projeto é uma ameaça pelo que a rodovia trará de impacto, afirma Mario Mantovani, diretor da Fundação SOS Mata Atlântica.
Segundo ele, é temerário tocar projetos dessa envergadura sem que esteja pronto o macrozoneamento da Baixada Santista, espécie de plano diretor de uma região.
Também deveria, segundo ele, estar concluída a Avaliação Ambiental Estratégica, um estudo amplo sobre os efeitos do pré-sal no litoral sul do Estado.
O macrozoneamento e a avaliação passam por discussões no Consema (Conselho Estadual do Meio Ambiente). Além disso, afirma Mantovani, o passado condena.
"O histórico de ligações rodoviárias entre o planalto e o litoral é muito ruim, sob todos os aspectos, ambientais, sociais, econômicos", afirma.
Para ele, interesses eleitoreiros e de empreiteiras sempre deram o tom em projetos como a Imigrantes e a duplicação da Tamoios. "E 2012 é ano eleitoral. É um momento ruim para discutir isso."

PRÉ-SAL
A lógica por trás da nova estrada é parecida com a que move o governo na duplicação da Tamoios e da construção do contorno viário de São Sebastião, no litoral norte: viabilizar a expansão da atividade econômica.
No caso de São Sebastião, a preocupação é com a expansão do porto.
No litoral sul, o objetivo é resolver gargalos que possam atrapalhar o "boom" econômico esperado com o pré-sal. A expectativa é que até 2025 sejam injetados R$ 209 bilhões na região, o equivalente ao Orçamento de 150 anos de Santos.
A preocupação de Mantovani com os impactos na região também está na Avaliação Ambiental Estratégica.
O estudo, feito a pedido do governo estadual, prevê pressões negativas sobre o meio ambiente, a estrutura de serviços públicos (saúde, educação, abastecimento de água etc.) e sociais (principalmente moradia).
"Se o estudo do governo [sobre a nova rodovia para o litoral] não está levando em conta esses impactos, é preciso levar, de forma muito séria", afirma Mantovani.
Um exemplo do que pode ser o impacto do pré-sal na economia da região está na própria Itanhaém.
O aeroporto local, apontado como "fantasma" até 2005, quando recebia uma média de cinco passageiros por dia, é hoje o nono mais movimentado do Estado de São Paulo, entre os 30 administrados pelo governo.
Fica à frente, por exemplo, dos aeroportos de Jundiaí e Bauru. Em cinco anos, mais que triplicou o número de usuários -de 5.197, nos nove primeiros meses de 2007, para 15.890 este ano.
O local é base para o transporte de funcionários da Petrobras para as plataformas de Merluza (184 km da costa) e Mexilhão (320 km). "Se o movimento já é assim hoje, imagine quando a Petrobras tiver 11 plataformas em operação, como está previsto até 2017", diz Silvio Lousada, secretário de Governo de Itanhaém. Para explorar petróleo e gás na Bacia de Santos, a Petrobras vai usar cinco bases de apoio aéreo: Itanhaém, Santos, Cabo Frio, Jacarepaguá e Itaguaí (as três ultimas no Rio de Janeiro).
(JOSÉ BENEDITO DA SILVA)



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