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MASSACRE NO CENTRO
Justiça decretou prisão preventiva de dois policiais; segurança clandestino também é acusado
PMs mataram moradores de rua, diz polícia
ALEXANDRE HISAYASU
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Civil apontou os policiais militares Jayner Aurélio Porfírio e Marcos Martins Garcia,
juntamente com o segurança
clandestino Francisco Luiz dos
Santos, o "Chicão", como os responsáveis pelo massacre de moradores de rua em São Paulo, crime que chocou o país em agosto.
Na última quinta-feira, o juiz
Rui Porto Dias, do 1º Tribunal do
Júri, decretou a prisão preventiva
dos PMs, a pedido do delegado
Luiz Fernando Lopes Teixeira, do
Departamento de Homicídios e
de Proteção à Pessoa (DHPP), que
relatou o inquérito à Justiça na semana passada e também pediu a
prisão preventiva de Chicão, que
está cumprindo prisão temporária de 30 dias.
O inquérito policial sobre os assassinatos tem mais de 2.000 páginas e está sob sigilo de Justiça. A
Folha não conseguiu localizar os
advogados dos acusados ontem.
O motivo dos crimes teria sido o
tráfico de drogas, segundo as investigações do DHPP. Todas as
vítimas foram atacadas com pauladas na cabeça enquanto dormiam nas ruas do centro. Foram
assassinados sete moradores de
rua, e outros oito ficaram feridos.
Um dos pontos de partida para
os crimes, segundo a polícia, foi o
morador de rua Ivanildo Amaro
da Silva, conhecido como "Pantera". Ele foi assassinado na madrugada do dia 19 de agosto, nas imediações da praça da Sé.
Segundo as conclusões da polícia, Pantera vendia crack a mando
dos PMs Porfírio e Garcia, suspeitos de comandar pontos de venda
de drogas na região.
Pantera teria feito dívidas com
os policiais, por ser viciado, e acabou morto. Segundo as investigações, alguns dos moradores de
rua mortos teriam também pequeno envolvimento com o tráfico. No entanto, outros acabaram
assassinados pelos acusados para
confundir a polícia, segundo a investigações.
O promotor Carlos Roberto Talarico , que acompanhou todo o
caso, disse à Folha que recebeu o
inquérito ontem e terá até cinco
dias para oferecer denúncia à Justiça contra os três acusados.
Para o o padre Júlio Lancelotti,
da Pastoral do Povo da Rua, a polícia também deveria apurar o
"loteamento" do centro por empresas clandestinas de segurança.
"Os assassinatos podem ter sido
cometidos por esses grupos com a
intenção de mostrar serviço às
pessoas interessadas em tirar os
moradores de rua da região".
"Acho temerário que a polícia
acredite que as mortes tenham
ocorrido só por causa do tráfico",
disse o presidente da Comissão de
Direitos Humanos da OAB, Hédio Silva Júnior.
Além dos assassinatos, os PMs
Porfírio e Garcia são réus em um
processo de formação de quadrilha que tramita na 14ª Vara Criminal. O processo apura outros crimes que tenham sido praticados
pelos acusados no centro.
Em nota oficial, a Secretaria da
Segurança Pública informou que
não vai comentar o caso porque
ele está sob sigilo.
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