São Paulo, quinta-feira, 17 de novembro de 2005

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VIOLÊNCIA

Bandidos simulam ser de telefônica para convencer morador a digitar senha que permite que a quadrilha faça ligações pela linha

Crime cria nova tática de golpe por telefone

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de ameaças para conseguir créditos de celular pré-pago e do chamado "seqüestro virtual", criminosos, incluindo integrantes de facções de presídios do Rio, mudaram para uma tática mais sutil para tentar enganar e até extorquir dinheiro, por telefone, de moradores de São Paulo.
Segundo aponta investigação feita pela polícia paulista nos últimos seis meses, na nova estratégia os criminosos simulam ser funcionários da Telefônica.
Geralmente em uma ligação a cobrar, o falso funcionário diz que se trata de um defeito na linha para tentar convencer quem atende o telefone a digitar um código.
A série de números desencadeia a transferência de chamada -conhecida como "siga-me"- para o celular do criminoso. Com isso, ele pode usar a linha na estrutura de comunicação de sua organização criminosa -a conta das ligações vai para a vítima- ou até para dar veracidade a um falso seqüestro, por exemplo.
Segundo Ronaldo Tossunian, delegado-assistente do Deic, já foi confirmado caso em que o criminoso conseguiu desviar o telefone da casa da vítima para o seu celular. Depois, ligou para o trabalho da vítima anunciando o seqüestro de um parente. A pessoa ligou para casa para confirmar a ameaça e quem atendeu foi o criminoso -só que ele estava no celular.
"É desdobramento dos golpes aplicados desde 2001. Como as ameaças não funcionam mais, eles inventaram uma nova tática", disse o delegado. Em 2001, quando os golpes de telefone surgiram, a polícia descobriu que os telefonemas eram feitos por presos de prisões cariocas, entre eles membros do Comando Vermelho.
Nos primeiros golpes, os criminosos exigiam crédito para seus celulares pré-pagos -para manter sua estrutura de comunicação, as quadrilhas usam várias linhas.
Depois, surgiu o "seqüestro virtual" -o criminoso diz que um familiar foi seqüestrado e não permite que a vítima desligue o telefone para que a farsa não seja descoberta. Um depósito bancário, na conta de um laranja, tem de ser feito às pressas pelo familiar.
"As pessoas, principalmente empregados e adolescentes, precisam ser alertadas de que isso é um golpe", disse o delegado. O Deic recebeu dados de que, desde 2001, ocorreram pelo menos 500 casos, envolvendo todas as táticas de abordagem por telefone.
A Telefônica informou que não realiza telefonemas a cobrar para os clientes nem pede que digitem seqüências de números.


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