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Grávidas são chamadas para fazer "recall" de exames
Pacientes de UBS de São Paulo fizeram pré-natal com enfermeiro, não com médico
Secretaria Municipal da Saúde diz que conduta do médico responsável pela equipe do enfermeiro
está sendo investigada
DO "AGORA"
A Secretaria Municipal da
Saúde da capital chamou ontem 60 gestantes atendidas por
uma equipe do Programa Saúde da Família na UBS (Unidade
Básica de Saúde) Jardim Vista
Alegre (zona norte de São Paulo) para a revisão de consultas.
A convocação foi decidida
após denúncia de que o enfermeiro havia receitado um remédio contra corrimentos vaginais para a paciente Ranielly
dos Santos, 19, em agosto.
Além de o profissional ser
proibido de receitar medicamentos, a droga prescrita, o Tinidazol, é contra-indicada para
gestantes. Ranielly passou mal
à época e foi hospitalizada, mas
se recuperou, e a criança não foi
afetada. Além do funcionário
que receitou o remédio, o médico e o gerente da unidade de
saúde também foram afastados
e podem ser exonerados, segundo a secretaria.
No entanto, oito pacientes
ouvidas pela reportagem ontem defendem o enfermeiro.
Segundo elas, faltam médicos
na UBS, e, por isso, a maioria
das consultas de pré-natal era
feita com o enfermeiro, tido como "esforçado" e "atencioso"
pelas entrevistadas.
"As consultas com ele [o funcionário afastado] eram melhores do que as com clínico-geral", afirmou a dona-de-casa
Laércia Barbosa, 20, enquanto
esperava para ser atendida no
"recall" promovido ontem.
A convocação foi feita para
que médicos averiguassem o
estado de saúde das mulheres
atendidas pelo enfermeiro. Até
o fim da tarde, 40 das 60 mulheres atendidas pelo enfermeiro participaram do "recall"
-termo usado quando uma
empresa vende algum produto
com defeito e precisa chamar
os compradores para trocá-lo
ou repará-lo. Segundo a Secretaria da Saúde, nenhuma das
pacientes examinadas está com
problemas.
Grávida de sete meses, Vanessa da Silva, 17, foi atendida
pelo enfermeiro em cinco das
sete consultas. Segundo ela, o
enfermeiro media a barriga dela e os batimentos cardíacos do
feto. As consultas do "recall" de
ontem, com médicos especialistas, foram muito mais detalhadas, diz Vanessa. "Hoje demorou meia hora. Nos outros
dias, apenas dez minutos."
Outro lado
A Secretaria Municipal da
Saúde informou que está investigando a conduta do médico
responsável pela equipe à qual
pertencia o enfermeiro.
Segundo a pasta, o médico é
responsável pelos atos de seus
subordinados.
A coordenadora da Saúde da
Região Norte, Vânia Tardelli,
nega que o enfermeiro atendesse por falta de médicos.
"Os médicos que estão atendendo hoje [ontem] são todos
da unidade", afirmou Tardelli.
A unidade terá mais dois médicos, dois enfermeiros e dez
agentes.
A reportagem não conseguiu
localizar o enfermeiro e o médico envolvidos no caso.
(ARTUR RODRIGUES)
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