São Paulo, sábado, 17 de novembro de 2007

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Grávidas são chamadas para fazer "recall" de exames

Pacientes de UBS de São Paulo fizeram pré-natal com enfermeiro, não com médico

Secretaria Municipal da Saúde diz que conduta do médico responsável pela equipe do enfermeiro está sendo investigada

DO "AGORA"

A Secretaria Municipal da Saúde da capital chamou ontem 60 gestantes atendidas por uma equipe do Programa Saúde da Família na UBS (Unidade Básica de Saúde) Jardim Vista Alegre (zona norte de São Paulo) para a revisão de consultas.
A convocação foi decidida após denúncia de que o enfermeiro havia receitado um remédio contra corrimentos vaginais para a paciente Ranielly dos Santos, 19, em agosto.
Além de o profissional ser proibido de receitar medicamentos, a droga prescrita, o Tinidazol, é contra-indicada para gestantes. Ranielly passou mal à época e foi hospitalizada, mas se recuperou, e a criança não foi afetada. Além do funcionário que receitou o remédio, o médico e o gerente da unidade de saúde também foram afastados e podem ser exonerados, segundo a secretaria.
No entanto, oito pacientes ouvidas pela reportagem ontem defendem o enfermeiro. Segundo elas, faltam médicos na UBS, e, por isso, a maioria das consultas de pré-natal era feita com o enfermeiro, tido como "esforçado" e "atencioso" pelas entrevistadas.
"As consultas com ele [o funcionário afastado] eram melhores do que as com clínico-geral", afirmou a dona-de-casa Laércia Barbosa, 20, enquanto esperava para ser atendida no "recall" promovido ontem.
A convocação foi feita para que médicos averiguassem o estado de saúde das mulheres atendidas pelo enfermeiro. Até o fim da tarde, 40 das 60 mulheres atendidas pelo enfermeiro participaram do "recall" -termo usado quando uma empresa vende algum produto com defeito e precisa chamar os compradores para trocá-lo ou repará-lo. Segundo a Secretaria da Saúde, nenhuma das pacientes examinadas está com problemas.
Grávida de sete meses, Vanessa da Silva, 17, foi atendida pelo enfermeiro em cinco das sete consultas. Segundo ela, o enfermeiro media a barriga dela e os batimentos cardíacos do feto. As consultas do "recall" de ontem, com médicos especialistas, foram muito mais detalhadas, diz Vanessa. "Hoje demorou meia hora. Nos outros dias, apenas dez minutos."

Outro lado
A Secretaria Municipal da Saúde informou que está investigando a conduta do médico responsável pela equipe à qual pertencia o enfermeiro.
Segundo a pasta, o médico é responsável pelos atos de seus subordinados.
A coordenadora da Saúde da Região Norte, Vânia Tardelli, nega que o enfermeiro atendesse por falta de médicos.
"Os médicos que estão atendendo hoje [ontem] são todos da unidade", afirmou Tardelli. A unidade terá mais dois médicos, dois enfermeiros e dez agentes.
A reportagem não conseguiu localizar o enfermeiro e o médico envolvidos no caso.
(ARTUR RODRIGUES)


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