São Paulo, sábado, 17 de novembro de 2007

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Ver relação entre lesão e emoção ajuda paciente

DA REPORTAGEM LOCAL

O psiquiatra Geraldo José Ballone acredita que o clínico deveria atentar para os sintomas emocionais que acompanham as patologias em vez de só priorizar o tratamento da doença. Ele é co-autor do livro "Da Emoção à Lesão" (editora Manole) . Leia a seguir trechos da entrevista à Folha. (CC)

 

FOLHA - Como surgiu a idéia de um livro traçando essa relação tão dire' ta entre as emoções e as lesões?
GERALDO JOSÉ BALLONE - Da observação no consultório. A gente constatava que um número de pacientes com queixas clínicas tinham componente emocional associado. Começamos a fazer uma revisão na literatura médica e resultou num livro explicando que todos os órgãos recebem impacto grande e influência das emoções.

FOLHA - O que o sr. considera mais importante?
BALLONE - As influências das emoções sobre os sistemas imunológico e endócrino, mais especificamente no eixo hipotálamo-hipófise-tireóide. É a influência que as emoções têm sobre a tireóide. A pessoa esgota a capacidade de se adaptar ao cotidiano. Há pessoas deprimidas, por exemplo, que desenvolvem o herpes quando estão em crise. Não é só depressão emocional. Há depressão do organismo, inclusive da parte orgânica. Há uma perda de energia orgânica propriamente dita.

FOLHA - Existe ceticismo dos médicos em associar doenças a emoções?
BALLONE - Sim. O médico pode ter um discurso que pode agravar o problema. Percebendo que o paciente está deprimido, ele fala: "Vou fazer uma biopsia porque não me parece uma coisa boa". A partir disso, a pessoa pode entrar numa depressão profunda, que pode favorecer o desenvolvimento do câncer.


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