São Paulo, sábado, 17 de novembro de 2007

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"Doença cardíaca começou com a morte do meu guri", diz pai

DA REPORTAGEM LOCAL

A seguir, o depoimento do aposentado José Salvador Pelufo, 68, que associa a sua doença cardíaca à morte do filho:

 

"Meu filho era um garoto sadio, bonito. Aos 14 anos, media 1,76 m, jogava vôlei e praticava judô. Em julho de 1986, ele sofreu uma queda de um muro e teve uma fratura na face, perdendo quase todos os dentes. Durante quatro anos, passou por várias intervenções cirúrgicas na boca, que só pioravam o seu estado de saúde.
Por fim, em 2000, ficou internado dois meses e tinha de se alimentar por meio de uma sonda. Em um dia, não se sabe como, houve um excesso de alimentação, que o sufocou e ele sofreu uma parada cardíaca. Naquele dia, eu morri um pouco. Perdi o ânimo de viver.
No mesmo ano, num certo dia, sofri uma dor fortíssima no peito. Peguei um táxi e, ao chegar ao hospital, sofri quatro paradas cardíacas seguidas. Fui reanimado com choques elétricos. Na quarta parada, entrei em coma. Quando voltei, estava com três pontes de safena. Mas elas não resolveram.
O coração sofreu uma falência e minha única chance era um transplante cardíaco. Não conseguia dormir. Não andava nem 20 metros.
Seis meses depois, em 4 de setembro de 2000, apareceu um coração compatível [com o meu]. Era de um abençoado garoto de 14 anos, que conseguiu salvar sete pessoas com seus órgãos. Demorei dois anos para voltar a praticar exercícios, viver novamente.
Com o tempo, com a ajuda da psicóloga, fui percebendo que minha doença cardíaca começou com a morte do meu guri."


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