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CET tem serviço de informações desinformado
Telefone, site e painéis da empresa de trânsito não apresentam
dados das próprias interdições que a companhia faz nas ruas
Reportagem topou com 6
intervenções programadas que
bloqueavam parte da pista;
atendentes do 156 ignoravam as intervenções
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
Avenida Brigadeiro Faria Lima, zona oeste de São Paulo,
meio dia e meia. Cercados por
oito cones cor de laranja, um
buraco no asfalto de cerca de 2
m2 e uma retroescavadeira da
Sabesp (empresa de saneamento básico de SP) bloqueiam
uma das três pistas. Logo atrás,
uma fila de carros se forma,
próximo ao largo de Pinheiros.
No que depender da CET
(Companhia de Engenharia de
Tráfego), porém, a interrupção
será uma desagradável surpresa no caminho dos motoristas:
embora agendada e autorizada
pela empresa da gestão Gilberto Kassab (DEM), a obra de remoção de uma caixa de esgoto é
ignorada pelos seus próprios
serviços de informação.
A Folha testou, nas últimas
semanas, os serviços de informação da CET que deveriam
facilitar a vida do motorista: telefone, site, painéis eletrônicos
e assessoria de imprensa.
Deveriam: em um dia rodando de carro aleatoriamente, a
reportagem topou com seis intervenções programadas que
bloqueavam ao menos uma faixa da pista e, em todos os casos,
as atendentes do 156 (número
de serviços da prefeitura, que
trata também do trânsito) nem
sabiam das interrupções.
Por dia, diz a CET, há ao menos 28 intervenções programadas na cidade (dados de agosto). O número real, porém, é
maior -a companhia admite
que existem muitas irregulares. Por lei, toda obra que interfere no trânsito precisa ter autorização da companhia.
Mas a reportagem verificou
que os serviços da CET omitem
ao motorista informações que
vão de serviços pontuais de
concessionárias (Sabesp, Eletropaulo, Telefônica) até obras
grandes, como a drenagem de
um córrego no Butantã (zona
oeste), com cinco quilômetros
de extensão e bloqueios parciais nas avenidas Pirajussara e
Eliseu de Almeida -ali, as interdições começaram há seis
meses, segundo funcionários.
Nas marginais, sete dos dez
painéis eletrônicos de mensagens não funcionam. Os restantes só informavam o total
de quilômetros de lentidão na
cidade, o que pouco ajuda.
A situação não é melhor para
quem busca informação antes
de sair, pela internet: no site da
CET, quase todas as intervenções informadas acontecem
durante a madrugada. A assessoria de imprensa, que poderia
municiar TVs, rádios e jornais
com interdições, também dispõe de poucas informações.
Para especialistas em planejamento de transportes, a falta
de ferramentas de informação
eficientes, em tempo real, complica ainda mais o trânsito porque, ao não oferecer opções de
caminhos alternativos, a própria CET contribui para que o
tráfego se concentre apenas
nas principais vias. Além de, é
claro, ajudar a piorar o dia do
motorista ao sujeitá-lo a engarrafamentos-surpresa.
"Todo mundo vira turista em
algum ponto de São Paulo. Se a
informação não for capaz de levar a minha avó, que veio do interior me visitar, até a minha
casa, então não serve", afirma o
engenheiro Luiz Célio Bottura.
Favorável à prioridade dos
investimentos em transporte
público -opinião quase unânime entre especialistas-, o consultor Bernardo Alvim pondera
que "no momento em que o cidadão escolhe usar o carro, ele
tem que ser bem tratado".
Para ele, um bom serviço de
informação não é uma regalia
aos motoristas. "Informação é
uma ferramenta essencial de
gestão de demanda de tráfego".
"Desastre"
"Há interrupção? Devo evitar o trecho?", eram as questões da Folha. "Obrigado por
esperar. O sistema não registra
nada", respondia-se no 156. O
serviço telefônico desconhecia
até obras da própria prefeitura
-como a do largo de Pinheiros,
da Secretaria de Infra-estrutura, que abre ali uma nova rua.
E ignorava até mesmo uma
intervenção da própria CET,
que instalava um semáforo para uma nova conversão na rua
Cerro Corá.
Todos os bloqueios encontrados tinham duração prevista de ao menos uma hora. Segundo a própria CET, uma única faixa bloqueada por 15 minutos tem potencial de causar
3 km de lentidão, que levam até
meia hora para se dissipar.
"O 156 é um desastre. Não
tem comunicação com a operação de campo da CET", diz Luiz
Antônio Queiroz, presidente
do sindicato dos funcionários
da empresa. "A CET peca muito na oferta de informação em
tempo real, essencial para melhorar a qualidade do trânsito."
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