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Virada atrai 2 milhões; evento teve até torneio de barrigada
2ª edição promoveu cerca de 700 atividades esportivas no final de semana na cidade
Falta de transporte público foi a principal reclamação do paulistano; prefeitura promete melhorar esquema para a Virada de 2009
Eduardo Anizelli/Folha Imagem
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Corrida de kart no viaduto do Chá (região central de SP), durante a Virada Esportiva; 2ª edição mirou em esportes radicais ou desconhecidos da maioria, como o golfe
ROBERTO DE OLIVEIRA
DA REVISTA DA FOLHA
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Parecia filme de ficção: música eletrônica embalava, por 24
horas, jogadores com roupas de
néon no escuro. O viaduto do
Chá era uma pista de kart em
noite enluarada. Nem o sol de
rachar impedia que um parque
se transformasse em campo de
golfe na periferia. E teve até
torneio de "bomba" e de "barrigada" na piscina do Pacaembu.
Foi para seduzir do baladeiro
"pé na jaca" ao alpinista ""vegan", passando pelo skatista
"mauricinho", que a segunda
edição da Virada Esportiva mirou em esportes radicais e desconhecidos da maioria, como
rafting e golfe. A julgar pelos
números oficiais, surtiu efeito.
As cerca de 700 atividades
-quase o dobro da primeira
edição- atraíram pouco mais
de 2 milhões de pessoas, segundo Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação. O
evento custou R$ 2,8 milhões.
Golfe em Itaquera
Termos como "driving range" e "putting green" eram gritados no parque do Carmo (zona leste) para os jovens que faziam fila para ganhar um certificado. "Tem que ser na bola",
dizia o instrutor da FPG (Federação Paulista de Golfe) . "São
pessoas que nunca tinham pego em um taco na vida. Agora,
podem sentir aquele gostinho",
vibrava o diretor da FPG, Mauro Batista, ao ver "um esporte
de elite chegar à periferia".
Enquanto esperava a vez do
filho, Gioavana Alves, 36, não se
iludia. "Vai ser só para rir. Já falei para ele que golfe é coisa de
rico. Aqui é só para pegar gostinho e, depois, voltar para casa."
Se no Carmo, o golfe era embalado pelo pagode, do outro
lado da cidade, no Trianon, o
clima de silêncio só era rompido pelo canto dos pássaros e pela batida das peças no tabuleiro.
De frente uns aos outros, 22
jogadores de xadrez esperavam
pelo lance de um senhor magro
e calvo. Ele punha a mão no
queixo e cruzava a perna antes
de mexer as peças. Durante cinco horas, Henrique da Costa
Mecking, 56, o Mequinho, mostrou ainda triunfar quando o
assunto é xadrez. Há 32 anos,
não perde uma partida em exibição simultânea.
A platéia era pequena, mas
eclética. "Com um dia lindo
desses, não dá para ficar aqui.
Acho esse jogo tedioso", disse a
estudante Mayra Lopes, 13. Já
Cecília Fusaro, 63, lembrava os
momentos de glória. "Ele faz
parte da nossa geração, da história de conquistas do Brasil."
O secretário de Esportes,
Walter Feldman, sonha em
transformar a virada num
evento turístico do calibre da
Fórmula 1. "Tem potencial para
virar referência internacional."
A teleoperadora Stephanie
Lataro, 20, acredita. Mas acha
que falta transporte público
(fez três baldeações para chegar à Balada Esportiva, em Santo Amaro). Enquanto curtia a
festa, não desgrudava os olhos
do relógio. "Vamos ficar até
amanhecer", avisou à mãe, pelo
celular. "Não temos como voltar para casa hoje [ontem]."
Quem estava com ela concorda. "A prefeitura podia criar linhas especiais para facilitar a
vida da galera", disse Victor
Arice, 22, antes do primeiro jogo de paintball de sua vida.
A prefeitura diz que pretende
reavaliar o transporte público
no evento de 2009.
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