SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) pretende divulgar ainda nesta semana um relatório final sobre as origens do blecaute. Segundo o diretor-geral do órgão, Hermes Chipp, "a causa já está clara".
Para Chipp, descargas elétricas causaram curtos-circuitos nas linhas de transmissão devido ao que, no linguajar técnico, é conhecido por "ruptura de isolamento": o sistema que impede a propagação da descarga não funcionou, e criou-se uma passagem para a corrente, causando o curto-circuito.
Chipp evitou usar a palavra raio. "Essa descarga elétrica não foi necessariamente um raio. É um fenômeno possível numa situação de mau tempo."
O professor do Instituto de Física da Unicamp Ennio Peres diz que, em tese, é possível terem ocorrido descargas elétricas na região, sem que tenham caído raios, mas alerta que isso é indício de problemas.
"Raio é uma descarga elétrica entre nuvem e solo, ou entre duas nuvens. É possível ter havido essa descarga, mas o ONS vai ter que explicar entre quais pontos, e necessariamente passando pelos equipamentos, linhas ou torre. E, se for isso mesmo, ou houve problema de manutenção ou defeito de fabricação nos equipamentos."
Chipp negou que tenha ocorrido falha na manutenção que permitisse a falha no sistema de retenção de carga. Segundo ele, condições meteorológicas podem prejudicar o funcionamento dos equipamentos.
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou ontem que o apagão poderia ter sido muito pior, caso o mecanismo de defesa do sistema não tivesse funcionado.
Ele voltou a defender a qualidade da estrutura do setor e ressaltou que a autoproteção, que desligou automaticamente algumas linhas e as turbinas de Itaipu, evitou "um desastre".
Pelo mecanismo, o sistema está programado para desarmar em caso de falhas, como queda nas linhas de transmissão.