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Corpo de operário é o 3º tirado de buraco
Cães indicaram localização de cadáver, que, segundo bombeiros, estava no lado oposto à van; outras 4 pessoas seguem desaparecidas
Descoberta aconteceu dois
dias depois de a família do
motorista contratado para a
obra reclamar que busca só
dava atenção a microônibus
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois dias após a família reclamar de falta de atenção das
equipes de resgate e de atenção
apenas à van soterrada, o corpo
do operário Francisco Sabino
Torres, 47, foi retirado ontem
da cratera aberta nas obras da
estação Pinheiros (zona oeste
de São Paulo) do metrô.
Desde sexta, dia do acidente,
outros dois corpos já haviam sido resgatados -quatro pessoas
permaneciam desaparecidas
até o fechamento desta edição.
Torres operava um caminhão na obra. Minutos antes do
desabamento, colegas relatam
que ele ouviu um estalo e chegou a deixar a área, mas voltou
para pegar um documento que
havia ficado dentro do veículo.
Na segunda-feira, Kelly, a filha dele, reclamou que as equipes de resgate não tentavam
encontrá-lo e davam atenção
apenas ao microônibus onde
podem estar mais três vítimas.
O coletivo e o corpo de Torres estavam em locais diferentes. Enquanto o primeiro foi soterrado quando passava pela
rua Capri, que margeia a obra, o
motorista trabalhava na escavação do fosso onde será a estação, rente à marginal Pinheiros, na outra extremidade.
Tanto o Corpo de Bombeiros
quanto o consórcio responsável pela obra avaliavam que o
corpo de Torres se localizava
em um local instável e, por isso,
era arriscado atuar ali.
Só anteontem à noite os engenheiros liberaram a busca no
local (que ganhou revestimento fino de concreto para evitar
deslizamentos). Com a autorização, cães farejadores indicaram a localização do corpo.
Como ele estava profundo, as
escavações e o resgate demoraram cerca de nove horas, duas
delas só para remover escombros que prendiam o corpo.
Às 5h30, a vítima foi retirada
da cratera. Segundo o capitão
Mauro Minori, o corpo estava
deteriorado, mas íntegro. Os
bombeiros não souberam dizer
a qual profundidade ele estava.
Microônibus
Após o resgate do corpo de
Torres, os bombeiros concentraram os trabalhos na retirada
da van, que ficou soterrada por
28 m de entulho. No veículo devem estar o motorista Reinaldo
Aparecido Leite, 40, o cobrador
Wescley Adriano da Silva, 22, e
o funcionário público Marcio
Rodrigues Alambert, 31.
Os militares tentavam retirar
o veículo pelo túnel que ligará a
estação Faria Lima à Pinheiros.
O veículo foi tragado pela cratera e parou próximo a esse túnel.
A tentativa era retirá-lo inteiro
pela parte inferior do buraco.
O trabalho foi dificultado
porque a van escorava terra e
rochas. A sua retirada poderia
causar um novo deslizamento.
"Está sendo um trabalho manual. Estamos retirando terra
para aliviar a pressão e, assim,
puxá-la por cabos de aço", dizia
o capitão Mauro Lopes no final
da manhã. "É um trabalho arriscado porque a qualquer momento o terreno pode ceder."
Retirada parte do entulho
que pressionava o veículo, surgiu outra dificuldade: devido à
quantidade de lama no túnel, a
retroescavadeira derrapava e
não conseguia puxar o veículo.
Até o fechamento desta edição,
a van não havia sido removida.
No domingo passado, dois deslizamentos frustaram a tentativa de retirada da van.
Diretor-vice-presidente da
TransCooper, Paulo Roberto
dos Santos disse que, seguindo
exigência do poder público, a
cooperativa tem para microônibus um seguro de R$ 29 mil
tanto para o motorista quanto
para o cobrador. Há ainda um
seguro de R$ 100 mil por danos
morais e do mesmo valor por
danos corporais -que serão divididos pelo número de passageiros.
(AFRA BALAZINA, FABIANE LEITE, FÁBIO TAKAHASHI E KLEBER TOMAZ)
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