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Parques e praças de SP têm plantas tóxicas
Espécies causam inflamação e distúrbio intestinal; crianças são maiores vítimas
Segundo os dados mais recentes, em 2007, das 283 pessoas intoxicadas por plantas no Estado, 121 foram crianças de até quatro anos
CRISTINA MORENO DE CASTRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A praça General Sodré e Silva, encravada entre as ruas
Surubim e Taperoá, há anos é
motivo de reclamação dos moradores do Brooklin (zona sul
da capital paulista).
A área verde, de 3.500 m2,
possui plantas tóxicas, como a
mamona, a coroa-de-cristo e as
da família da comigo-ninguém-pode. Ingeridas ou manipuladas, podem causar distúrbios
intestinais, inflamação na pele
e edemas nas crianças que as
colocam na boca.
A Folha percorreu cinco
praças e parques da cidade e
viu que essas plantas são corriqueiras. Além delas, aroeiras,
vincas, espadas-de-são-jorge e
plantas-aranha -todas tóxicas- foram encontradas no
praça Buenos Aires, em Higienópolis, no parque da Aclimação, na praça dr. Sampaio Vidal, em Vila Formosa, e na praça do Forró (pd. Aleixo Monteiro Mafra), em São Miguel.
A Secretaria do Verde e do
Meio Ambiente disse que as
subprefeituras são as responsáveis pelas praças de suas regiões. A Subprefeitura de Pinheiros, que cuida da praça do
Brooklin, disse que uma equipe
de paisagismo vai estudar a revitalização da área e a "substituição de espécies de plantas
inadequadas nesta semana".
"As maiores causadoras de
problemas são as da família da
comigo-ninguém-pode e 70%
dos casos de intoxicação ocorrem em crianças", diz Rejane
Oliveira, bióloga da USP especialista em plantas tóxicas.
Ela defende que a prefeitura
coloque placas educativas nos
canteiros para alertar os pais.
Plantas como espirradeiras e
chapéus-de-napoleão, também
comuns em praças, segundo
Rejane, não deveriam ser plantadas, porque, ingeridas, causam distúrbios cardíacos e podem levar à morte.
De acordo com os dados mais
recentes do Sistema Nacional
de Informações Tóxico-Farmacológicas, 121 das 283 pessoas intoxicadas por plantas
em São Paulo em 2007 eram
crianças de até quatro anos.
O Estado teve o segundo
maior número de casos no país
naquele ano, atrás do Rio Grande do Sul. Dos casos registrados, 82% deles ocorreram por
contato acidental.
O médico sanitarista e toxicologista Sérgio Zanetta, que
atende no Centro de Controle
de Intoxicação de Santos, disse
que as ocorrências devem ser
muito maiores, porque "um
mar de intoxicações mais simples" não chega aos hospitais.
Conservação
O aposentado Francisco de
Moraes, 82, que mora há 41
anos a duas quadras da praça do
Brooklin, afirma que tenta uma
solução para ela há mais de dez
anos. "Se as crianças não puderem ir à praça pra brincar, então vão aonde?"
O lugar -que já foi movimentado, no dizer dos moradores- hoje está abandonado.
Coroas-de-cristo cercam toda a
praça e mato alto, cheio de lixo,
ocupa o lugar do que a placa
anuncia como gramado. A subprefeitura disse que recolhe
diariamente o lixos, mas os moradores despejam de novo.
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