São Paulo, segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

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Parques e praças de SP têm plantas tóxicas

Espécies causam inflamação e distúrbio intestinal; crianças são maiores vítimas

Segundo os dados mais recentes, em 2007, das 283 pessoas intoxicadas por plantas no Estado, 121 foram crianças de até quatro anos

CRISTINA MORENO DE CASTRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A praça General Sodré e Silva, encravada entre as ruas Surubim e Taperoá, há anos é motivo de reclamação dos moradores do Brooklin (zona sul da capital paulista).
A área verde, de 3.500 m2, possui plantas tóxicas, como a mamona, a coroa-de-cristo e as da família da comigo-ninguém-pode. Ingeridas ou manipuladas, podem causar distúrbios intestinais, inflamação na pele e edemas nas crianças que as colocam na boca.
A Folha percorreu cinco praças e parques da cidade e viu que essas plantas são corriqueiras. Além delas, aroeiras, vincas, espadas-de-são-jorge e plantas-aranha -todas tóxicas- foram encontradas no praça Buenos Aires, em Higienópolis, no parque da Aclimação, na praça dr. Sampaio Vidal, em Vila Formosa, e na praça do Forró (pd. Aleixo Monteiro Mafra), em São Miguel.
A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente disse que as subprefeituras são as responsáveis pelas praças de suas regiões. A Subprefeitura de Pinheiros, que cuida da praça do Brooklin, disse que uma equipe de paisagismo vai estudar a revitalização da área e a "substituição de espécies de plantas inadequadas nesta semana".
"As maiores causadoras de problemas são as da família da comigo-ninguém-pode e 70% dos casos de intoxicação ocorrem em crianças", diz Rejane Oliveira, bióloga da USP especialista em plantas tóxicas.
Ela defende que a prefeitura coloque placas educativas nos canteiros para alertar os pais.
Plantas como espirradeiras e chapéus-de-napoleão, também comuns em praças, segundo Rejane, não deveriam ser plantadas, porque, ingeridas, causam distúrbios cardíacos e podem levar à morte.
De acordo com os dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas, 121 das 283 pessoas intoxicadas por plantas em São Paulo em 2007 eram crianças de até quatro anos.
O Estado teve o segundo maior número de casos no país naquele ano, atrás do Rio Grande do Sul. Dos casos registrados, 82% deles ocorreram por contato acidental.
O médico sanitarista e toxicologista Sérgio Zanetta, que atende no Centro de Controle de Intoxicação de Santos, disse que as ocorrências devem ser muito maiores, porque "um mar de intoxicações mais simples" não chega aos hospitais.

Conservação
O aposentado Francisco de Moraes, 82, que mora há 41 anos a duas quadras da praça do Brooklin, afirma que tenta uma solução para ela há mais de dez anos. "Se as crianças não puderem ir à praça pra brincar, então vão aonde?"
O lugar -que já foi movimentado, no dizer dos moradores- hoje está abandonado. Coroas-de-cristo cercam toda a praça e mato alto, cheio de lixo, ocupa o lugar do que a placa anuncia como gramado. A subprefeitura disse que recolhe diariamente o lixos, mas os moradores despejam de novo.


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