São Paulo, terça-feira, 18 de janeiro de 2011

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Prefeitura de Teresópolis centraliza distribuição de água e alimentos

Para evitar desvios, diz prefeito, donativos só são entregues após cadastro e apresentação de ofício

Medida desagradou médicos e enfermeiros da Cruz Vermelha, que reclamam de excesso de burocracia

Jorge Araujo/Folhapress
Voluntários da Cruz Vermelha recolhem doações que haviam sido levadas a galpões de Teresópolis; prefeitura da cidade quer centralizar donativos

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
JORGE ARAÚJO
ENVIADOS ESPECIAIS A TERESÓPOLIS

A Prefeitura de Teresópolis decidiu ontem que os donativos para os desabrigados do temporal só podem ser entregues mediante a apresentação de ofício assinado pela secretária de Educação, Magali Tayt-Sohn de Almeida.
Até as 20h de ontem, o total de mortos nos quatro municípios mais atingidos -Teresópolis, Nova Friburgo, Petrópolis e Sumidouro- chegava a 665. Há mais de 16.400 desabrigados e desalojados
Para retirar as doações, os flagelados têm de fazer um cadastro com RG e CPF, mas a maioria perdeu todos os documentos na enchente.
Segundo o prefeito Jorge Mario Sedlacek, a medida visa evitar desvios.
A decisão desagradou voluntários da Cruz Vermelha que distribuíam roupas e mantimentos em dois galpões no bairro do Bom Retiro, na periferia da cidade.
Houve bate-boca de enfermeiros e médicos da entidade com servidores municipais.
Coordenadores e voluntários da organização reclamaram do excesso de burocracia para liberar água e comida.
Ontem, por causa da decisão da prefeitura, caminhões do Exército recolheram donativos que eram distribuídos pela Cruz Vermelha para levá-los ao ginásio Pedrão -a central de distribuição.
"A prefeitura tomou conta. Parei de trabalhar para as vítimas e agora estou a serviço da burocracia", disse a enfermeira Adriana Lopes.
"É uma politicagem no meio da calamidade pública", afirmou a enfermeira voluntária Kátia Loureiro.
As divergências prosseguiram ao longo do dia. No fim da tarde, na igreja que servia de novo depósito da Cruz Vermelha, a coordenadora Sandra Helena Mendonça afirmou: "Aqui não tem burocracia. Quem chegar com fome leva".


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