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DANUZA LEÃO
Sassaricando
Mas nem tudo está perdido: como Lula nunca foi a um teatro desde que eleito, resolveu assistir a uma peça
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UM MÊS DE férias e na volta
só notícias ruins; aliás, péssimas. Só para começar, ministério nem pensar, e segue a briga
nos bastidores pelos que têm a verba
maior. Por que será, hein?
Lula ameaça passar um dia de
Carnaval no Rio, o que me parece
uma perigosa idéia; que prato, para
os cariocas, ver o presidente na avenida, vendo os desfiles das escolas de
samba. Que alguém de bom senso o
aconselhe a não vir, pois carioca vaia
até minuto de silêncio.
E o menino que morreu arrastado
pelo carro; veio logo à cabeça a morte de Stuart Angel, morto nos tempos da ditadura da mesma maneira,
morte que nos ficou na memória de
tão cruel, de tão chocante. E o tráfico, e as milícias, e a violência que só
aumenta.
Mas antes de discutir se a maioridade para menores criminosos deve
ser aos 16 ou aos 18 anos, seria bom
pensar que todos esses garotos que
vivem assaltando e muitas vezes
matando deviam estar, na idade deles, estudando.
Nos países mais civilizados, o colégio começa às 8h e termina às 16h.
Os deveres de casa são feitos lá, os livros de estudo -francês, história,
matemática- pertencem ao colégio
e passam de um ano para o outro
servindo aos alunos, que não precisam comprar livro nenhum quando
começa o ano letivo. Afinal, como
história, matemática e francês não
mudam, não há nenhuma necessidade de trocar os livros a cada ano,
para enriquecer as editoras.
E sobretudo, de 8h às 16h, a garotada estaria fazendo alguma coisa de
melhor do que vender chicletes nos
sinais ou roubar as pessoas. Os Cieps
eram o sonho de Brizola e de Darcy
Ribeiro, mas hoje, por qualquer estrada que você passa pelo interior do
Estado do Rio, o que vê são os edifícios abandonados, com mato crescendo dentro, porque o governador
que veio depois de Brizola -quem
foi mesmo?- não quis levar avante a
idéia dos Cieps para não dar o mérito a Brizola. Pobre país.
Enquanto isso, nossa presidente
do Supremo diz coisas dignas do
Conselheiro Acácio: que não se pode
resolver sobre as leis na hora da
emoção, por exemplo (e no dia seguinte Lula repetiu, palavra por palavra, o que disse a juíza Ellen Gracie). Mesmo quando foi assaltada na
Linha Vermelha nossa magistrada
foi incapaz de ter uma reação; mas
está sempre impecável nos seus vestidos e no seu penteado, e até hoje só
abriu a boca para ser a favor do aumento de salários para os magistrados; dá para acreditar?
Mas nem tudo está perdido: como
Lula nunca foi a um teatro desde que
eleito, aconselhado por algum assessor e talvez inspirado no nosso governador Sergio Cabral, que não
perde uma peça nem um filme, resolveu assistir a uma peça.
E, segundo a coluna de Ancelmo
Góis, a uma sessão especial de "Mlle.
Chanel".
Toda a força a que nosso presidente comece a freqüentar as salas de
espetáculo, mas só um pequeno reparo: em vez de começar por "Mlle.
Chanel", de quem nem ele nem d.
Marisa seguramente nunca ouviram falar, Lula deveria começar por
outra peça, que aliás está fazendo o
maior sucesso: "Sassaricando". Ele
não correria o risco de dormir durante o espetáculo e ainda faria um
afago a seu amigo de infância, o governador Sergio Cabral, já que um
dos autores da peça é seu pai, Sergio
Cabral.
Com toda a certeza se divertiria
muito mais, e poderia até deixar para decidir sobre o ministério depois
da Semana Santa.
Afinal, pra que pressa?
danuza.leao@uol.com.br
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