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Prefeitura tem de conter a dispersão, dizem urbanistas
Especialistas defendem que as pessoas voltem a morar nas regiões mais centrais
Coordenadora do Laboratório de Urbanismo da Metrópole da FAU diz que a migração intra-urbana para a periferia se baseia no preço da terra
DA REPORTAGEM LOCAL
A urbanização dispersa, foco
de estudo de urbanistas e de
preocupação da prefeitura, decorre de um modelo de desenvolvimento insustentável, que
deve ser repensado.
Em termos de sustentabilidade, dizem os especialistas,
não se pode pensar numa grande mancha urbana, e sim na articulação entre as áreas já ocupadas, com incentivo à habitação nas regiões centrais -que
têm mais infra-estrutura e geram melhor qualidade de vida
aos moradores.
Para o professor de urbanismo do Mackenzie Carlos Leite,
doutor em desenvolvimento
urbano sustentável, o crescimento de São Paulo tem se baseado no modelo americano, de
subúrbios espraiados em áreas
de baixíssima densidade, que já
entrou em declínio e é alvo de
questionamento nos EUA.
"Sob o prisma do desenvolvimento urbano sustentado é
preciso voltar a crescer para
dentro da metrópole, e não
mais expandi-la. Reciclar o território é mais inteligente do
que substituí-lo", diz Leite.
O professor da FAU Nestor
Goulart dos Reis Filho diz que o
investimento em infra-estrutura rodoviária levou a um novo
tipo de urbanização em São
Paulo. Em vez de seguir o tradicional esquema centro-bairro,
o crescimento urbano agora é
espelhado nas estradas, que
promovem uma cidade difusa.
Para Reis Filho, a prefeitura
lida com esse processo com leis
ultrapassadas. "Isso depende
de normas mais reguladoras."
Preço da terra
Coordenadora do Laboratório de Urbanismo da Metrópole
da FAU, a urbanista Regina
Meyer diz que a migração intra-urbana em direção à periferia se baseia no preço da terra.
"A população de baixa renda
continua sendo expulsa para a
periferia menos equipada e,
portanto, mais barata", avalia.
Para Meyer, o movimento de
periferização em São Paulo decorre, em grande parte, do modelo adotado nas políticas públicas de oferta de habitação
popular pela prefeitura desde a
década de 1960.
"Esse modelo foi decididamente voltado para o barateamento da oferta através da realocação da população de baixa
renda em áreas de terra barata,
isto é, sem saneamento, água,
transporte e coleta de lixo", diz.
"Não é só um crescimento
rumo à periferia, mas a ausência de formas que mantêm vínculos com o centro", completa
Meyer.
(VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO)
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