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Placas irregulares se espalham pela cidade
Durante os finais de semana, anúncios de lançamentos imobiliários em bairros como Vila Mariana e Perdizes são comuns
Prefeitura reconhece problema, mas diz que não há como fiscalizar "100%"; imobiliárias e construtoras não foram localizadas
RICARDO SANGIOVANNI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Recém-terminado o primeiro ano da Lei Cidade Limpa,
uma irregularidade voltou a se
espalhar pelas esquinas de São
Paulo: escorados em postes,
anúncios de lançamentos imobiliários podem ser encontrados facilmente durante os finais de semana, desrespeitando a lei municipal.
Em um passeio de cerca de
uma hora, ontem à tarde, a Folha flagrou 42 placas em bairros diversos, como Pinheiros,
Perdizes, Brooklin, Campos
Elíseos, Barra Funda, Lapa e
Vila Leopoldina. Outdoors,
bandeiras, cartazes e panfletos
-itens proibidos pela Cidade
Limpa- também foram encontrados facilmente.
"Placa, cavalete, não pode.
Agora, você encontra na cidade? Encontra, porque você não
consegue fiscalizar 100% o
tempo todo", diz o secretário de
Coordenação das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, que
considera Lapa, Vila Mariana e
Pinheiros os casos mais graves.
"Centenas de apreensões"
Segundo Matarazzo, a subprefeitura faz "centenas de
apreensões", sobretudo nos finais de semana, quando são colocados os anúncios, presos a
postes ou segurados por jovens
que recebem diárias de R$ 30
para trabalhar das 10h às 18h.
Ao fim do dia, as propagandas
são desmontadas.
Em janeiro, as subprefeituras fizeram 8.861 apreensões,
entre faixas, cartazes e tabuletas. A assessoria da secretaria
não soube precisar, entretanto,
quantas delas eram anúncios
de lançamentos imobiliários.
Mas, segundo estimativa do
chefe de gabinete da Subprefeitura da Vila Mariana, Alexandre Modonezi, 25% das cerca
de 250 apreensões semanais na
região correspondem às placas
-"todas anúncios de imóveis".
"Neste fim de semana, multamos quatro stands e apreendemos cerca de 40 cavaletes",
disse o chefe de gabinete.
A Lei Cidade Limpa torna
"solidárias" as empresas que
cometem irregularidades. "Não
importa se o anúncio é da empresa que constrói, da que vende o imóvel ou da que é contratada para fazer o anúncio. Se
identificadas, cada uma recebe
uma multa", diz Modonezi.
O valor da multa é de R$ 10
mil por anúncio irregular até 4
m2, mais R$ 1.000 para cada m2
excedente. Mas a dificuldade é
justamente identificar a autoria do anúncio, segundo a gestão Gilberto Kassab (DEM).
Das 8.861 apreensões em janeiro, só 88 resultaram em multa.
2005
A proibição das placas vem
de antes da Lei Cidade Limpa.
Em setembro de 2005, o então
prefeito e atual governador, José Serra (PSDB), decretou proibição expressa aos anúncios.
"Acho que proibir é a melhor
maneira, porque esta é uma cidade muito difícil de fiscalizar",
disse Serra, à época.
Um ano após a medida, o total de apreensões caiu 53% -de
228.809, em 2005, para
106.863 em 2006. No ano passado, porém, as apreensões
cresceram cerca de 20% -foram 127.652.
A reportagem tentou, sem
sucesso até a conclusão desta
edição, entrar em contato com
os sindicatos do setor imobiliário (Secovi) e da construção civil (Sinduscon) para falar sobre
as placas de propaganda.
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