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ANÁLISE
Crédito estudantil dever ser prioridade
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Se, num surto estatizante, o
Ministério da Educação decidisse fechar todas as instituições privadas de ensino superior, o percentual de jovens de
18 a 24 anos em universidades
cairia de 14% -patamar já baixo para os padrões de nações
desenvolvidas- para 4%.
Esses dados não deixam
dúvida sobre a importância do
setor privado para o país. Com
três em cada quatro universitários em instituições particulares, não há outro caminho
senão reconhecer que o poder
público, sozinho, não é mais
capaz de atender a demanda,
ainda crescente, por vagas no
ensino superior.
O papel que cabe ao Estado
na regulação do setor privado
é um debate extremamente
sensível a ideologias, mas são
poucos os que discordam da
tese de que, entre as funções do
Ministério da Educação, está a
de cobrar qualidade.
É por isso que não causa
surpresa, ou não deveria causar, a notícia de que o ministério está sendo rigoroso ao autorizar o financiamento público
para instituições privadas de
ensino superior.
Aliás, a tese de que a crise
econômico-financeira mundial
provocou fortes estragos nas
instituições particulares ainda
está por ser provada.
Os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), e do Censo da Educação Superior, do MEC, só nos
permitem olhar até 2008,
quando o setor privado continuava sua expansão, ainda que
num ritmo menor.
Dados do Centro de Políticas
Sociais da FGV tabulados a partir da Pesquisa Mensal de Emprego, do IBGE, mostravam
que, em março de 2009, a região metropolitana de São Paulo registrava recorde de matrículas no ensino superior.
Os efeitos da crise mundial
tampouco aparecem nos balanços de grupos educacionais
que abriram capital, e continuam seu processo de expansão via aquisição de instituições menores.
Há, de fato, instituições que
atravessam grave crise financeira. Mas, em boa parte delas,
as causas são mais internas
-leia-se aqui má gestão- do
que externas.
Isso não significa que o Ministério da Educação deva se
omitir e deixar o setor sem
apoio. Mas, em sua escala de
prioridade, faz mais sentido
colocar, em primeiro lugar, a
ampliação do crédito estudantil. Trata-se de área em que,
apesar dos avanços do ProUni,
ainda há muito a fazer.
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