São Paulo, quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

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ANÁLISE

Crédito estudantil dever ser prioridade

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

Se, num surto estatizante, o Ministério da Educação decidisse fechar todas as instituições privadas de ensino superior, o percentual de jovens de 18 a 24 anos em universidades cairia de 14% -patamar já baixo para os padrões de nações desenvolvidas- para 4%.
Esses dados não deixam dúvida sobre a importância do setor privado para o país. Com três em cada quatro universitários em instituições particulares, não há outro caminho senão reconhecer que o poder público, sozinho, não é mais capaz de atender a demanda, ainda crescente, por vagas no ensino superior.
O papel que cabe ao Estado na regulação do setor privado é um debate extremamente sensível a ideologias, mas são poucos os que discordam da tese de que, entre as funções do Ministério da Educação, está a de cobrar qualidade.
É por isso que não causa surpresa, ou não deveria causar, a notícia de que o ministério está sendo rigoroso ao autorizar o financiamento público para instituições privadas de ensino superior.
Aliás, a tese de que a crise econômico-financeira mundial provocou fortes estragos nas instituições particulares ainda está por ser provada.
Os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e do Censo da Educação Superior, do MEC, só nos permitem olhar até 2008, quando o setor privado continuava sua expansão, ainda que num ritmo menor.
Dados do Centro de Políticas Sociais da FGV tabulados a partir da Pesquisa Mensal de Emprego, do IBGE, mostravam que, em março de 2009, a região metropolitana de São Paulo registrava recorde de matrículas no ensino superior.
Os efeitos da crise mundial tampouco aparecem nos balanços de grupos educacionais que abriram capital, e continuam seu processo de expansão via aquisição de instituições menores.
Há, de fato, instituições que atravessam grave crise financeira. Mas, em boa parte delas, as causas são mais internas -leia-se aqui má gestão- do que externas.
Isso não significa que o Ministério da Educação deva se omitir e deixar o setor sem apoio. Mas, em sua escala de prioridade, faz mais sentido colocar, em primeiro lugar, a ampliação do crédito estudantil. Trata-se de área em que, apesar dos avanços do ProUni, ainda há muito a fazer.


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