FERNANDA SANTIAGO
da Agência Folha

As ameaças de morte ao presidente da Associação dos Camelôs Independentes de São Paulo, Gilberto Monteiro da Silva, assassinado anteontem, intensificaram-se após as denúncias da ex-primeira-dama Nicéa Pitta envolvendo o prefeito de São Paulo.
A afirmação é do padre Murilo Paiva, assessor da Pastoral da Juventude do Meio Popular, de São Gonçalo do Amarante (RN), e amigo de Silva havia cerca de 25 anos. "Nicéa veio a confirmar as denúncias de corrupção feitas por Gilberto no ano passado", disse. Os dois vinham mantendo contato nos últimos dias por telefone.
De acordo com Paiva, ele e um outro padre da entidade aconselharam Silva, em janeiro deste ano, a voltar para Goianinha (RN), sua terra natal. "Ele disse que não podia abandonar a luta, mas que ia tirar de São Paulo a mulher e o filho."
Armando Paiva, pároco da igreja da cidade do camelô, confirmou que as ameaças de morte, por telefone, passaram a ser mais frequentes a partir da divulgação das denúncias de Nicéa Pitta.
O pároco disse que, em Goianinha, o líder dos ambulantes era admirado por todos. "Ele fazia amigos muito rápido."
Segundo Paiva, depois de não conseguir entrar para o seminário, o líder dos camelôs descobriu sua vocação. "Ele era idealista e achava que a política era uma porta para conseguir amenizar as injustiças do país", disse.
Ele disse que Silva participou de grupos da Igreja Católica da cidade e ajudou a fundar em São Gonçalo do Amarante a Pastoral da Juventude, que tem hoje 25 anos.

Velório
O corpo de Silva estava sendo esperado hoje à 1h em Natal (RN), de onde será levado para Goianinha. O velório será realizado na igreja da cidade. Haverá uma missa de corpo presente.
A mulher do camelô, Maria de Fátima Monteiro da Silva, que está escondida em Natal, deve chegar hoje à cidade para acompanhar o enterro. O horário do enterro está condicionado à chegada de Maria de Fátima.
Goianinha fica a cerca de 60 km de Natal, no interior do Rio Grande do Norte. Possui 17 mil habitantes.


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