São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 2005

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SEGURANÇA

Nagashi Furukawa, responsável pela administração do sistema carcerário, anuncia instalação de aparelhos de raio-X

Cresce corrupção em presídios, diz secretário

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao explicar a entrada de armas, telefones celulares e de uma granada no CDP de Pinheiros, o secretário da Administração Penitenciária de São Paulo, Nagashi Furukawa, disse que está aumentando a corrupção entre os funcionários dos presídios paulistas.
Segundo ele, pode ter havido facilitação na segurança e falha na revista de visitantes no presídio. "São hipóteses que temos de investigar. Mas vem aumentando a quantidade de processos de apuração [de irregularidades de funcionários]", afirmou Furukawa.
Dados da corregedoria do sistema prisional de São Paulo sobre punições aplicadas nos últimos anos a funcionários acusados de corrupção, facilitação de fuga e outras irregularidades reforçam suas afirmações. Em 2000, houve 35 demissões. No ano seguinte, 72. No ano passado os números cresceram: foram 53 demissões, 50 suspensões e 8 repreensões.
Para combater esse problema, Nagashi disse que, nos próximos dias, entrarão em funcionamento nas entradas de 47 centros de detenção e penitenciárias novos aparelhos de raio-X comprados pelo Estado. "[A iniciativa] não vai resolver todos os problemas que as unidades enfrentam, mas deve inibir a ação dos maus funcionários", disse.
Só pacotes levados por visitantes -chamados de jumbos- passarão pelos aparelhos, semelhantes aos usados em aeroportos. As pessoas continuarão a passar por detectores de metais.
Hoje, nem todos os funcionários são revistados -é feito um sorteio diário. "Muita coisa precisa ser melhorada. [A entrada de pistolas e granadas] é um fato gravíssimo. Isso jamais deveria acontecer", afirmou Furukawa.
Dados da Secretaria da Administração Penitenciária apontam para a superlotação do sistema. Hoje, há 84.617 vagas. Mas o número de detentos é maior: 111.132. O déficit passa de 25 mil unidades.
"Se todas as unidades estivessem funcionando na sua capacidade, seria o ideal. Mas a superlotação é algo que independe da nossa vontade. Criamos mais de 50 mil vagas em cinco anos, mas o número foi inferior ao aumento do número de presos", justificou.
O diretor de formação do sindicato que representa os agentes penitenciários, Luiz Antonio Ribeiro dos Santos, critica o secretário. "Em todas as profissões existem bons e maus funcionários. Ele não pode desmerecer toda uma categoria com base em alguns que não têm responsabilidade no trabalho", afirmou.
Ele disse ainda que o trabalho é negligenciado porque há falta de servidores nas penitenciárias.


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