São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 2005

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ACESSO RESTRITO

Equipamento fora de normas é obstáculo até para a futura secretária

Elevador barra cadeira de rodas na sede do conselho de deficientes

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

Deficiente física desde 1998, quando um problema neurológico afetou seus movimentos, Eliete Pereira Santos, 49, reclama das calçadas precárias e das dificuldades de acessibilidade, mas circula com sua cadeira de rodas motorizada em toda a região central. Fez questão de sair de casa sozinha para ir à posse do prefeito José Serra (PSDB) e às comemorações do aniversário de São Paulo.
Ela só não vai mais ao prédio 119 da rua Líbero Badaró. Lá, no 3º andar, funciona a sede do Conselho Municipal da Pessoa Deficiente, do qual Eliete Santos era voluntária até dois anos atrás, quando ele ficava na Casa das Retortas. Ironicamente, trata-se de um problema de acesso.
A dificuldade já foi sentida inclusive por Mara Gabrilli, nomeada para uma secretaria voltada aos deficientes -pasta que, na prática, não existe, mas cujo projeto está em fase final.
"Dizem que eu me afastei. Não me afastei não. Eu não tenho como entrar. Não posso depender dos outros para ser carregada", afirma Eliete Santos, em referência ao elevador do prédio do conselho. "Minha cadeira não entra no elevador. A porta não fecha. Não cabe."
O problema é a profundidade do equipamento, em desacordo com normatização da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) segundo explica o conselheiro Gilberto Frachetta, 63, integrante da equipe que definiu a regra. Frachetta cita uma norma de 1999 que exige uma profundidade mínima de 1,40 metro e largura de 1,10 metro nos elevadores acessíveis a deficientes. Se a profundidade for de 1,30 metro, a largura deve ser de 1,725 metro. "É um padrão internacional." No elevador do prédio 119 da Líbero Badaró, a largura até não é das piores, próxima de 1,50 metro, mas a profundidade é de 1,15 metro.
Cadeiras de rodas convencionais cabem, mas as mais modernas ou motorizadas enfrentam dificuldade.
Doralice Simões, presidente do conselho, diz que fez uma reunião no térreo com a futura secretária Gabrilli, que é tetraplégica, porque a cadeira dela não entrou no elevador. Gabrilli nega, diz que não subiu ao 3º andar porque ele estava quebrado, mas reconhece ser difícil entrar no equipamento. "Não é um elevador para entrar de frente. Tenho de manobrar. É um problema se eu tiver que subir e descer toda hora."
O edifício, antigo, foi reformado há menos de dois anos para abrigar o conselho. A futura secretária não acha adequado manter as salas do conselho no 3º andar, mas considera boa a localização do prédio, próximo do Banespinha, sede da prefeitura, onde deve trabalhar.


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