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Roubo afugenta turista do Parque da Tijuca
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
A falta de segurança e a desordem urbana estão afastando
visitantes do Parque Nacional
da Tijuca, local da maior floresta urbana do mundo e do Cristo
Redentor, entre outros importantes pontos turísticos do Rio.
Dados do Ibama (Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis) mostram que a visitação
caiu de mais de 1 milhão de pessoas por ano, em 2004 e 2005,
para cerca de 750 mil no ano
passado (25%). A floresta tem
mais de uma centena de trilhas.
Nos últimos 40 dias, apenas
dois assaltos fizeram como vítimas quase 80 visitantes da Floresta da Tijuca. O primeiro
aconteceu em 10 de fevereiro,
quando grupos distintos somando 34 pessoas foram roubados em diferentes trilhas da
floresta. Entre as vítimas está o
guia de ecoturismo e analista
de sistemas Alexandre Santos,
29, que organiza passeios.
Ele faz parte de uma comunidade sobre montanhismo, com
quase 700 membros, no site de
relacionamentos Orkut.
"Éramos dez pessoas no
meio da trilha para o "Andaraí
maior" e passamos por quatro
rapazes sentados numa bifurcação. Minutos depois, eles foram atrás da gente e fizeram
uma "limpa" exigente, levando
câmeras, celulares, dinheiro e
até alimentos", conta. O arrastão durou mais três horas, em
vários pontos do parque.
No último dia 10, outras 40
pessoas foram assaltadas numa
área de lazer onde havia famílias fazendo piquenique e churrasco. Com a notícia, a comunidade de montanhistas tomou
uma decisão radical.
"Cancelaremos todos os passeios no parque enquanto não
tivermos uma providência da
direção. Sabemos que não dá
para policiar todas as trilhas,
mas é necessário colocar fiscais
pelo menos no início e no final
das principais. A gente tem um
paraíso no quintal de casa, tem
que cuidar", afirma.
A trilha que percorria com o
grupo é próxima a uma que dá
acesso ao morro do Borel (zona
norte). Para ele, os criminosos
são da favela. A confirmação
vem de uma investigação da 19ª
DP, que já identificou um dos
assaltantes por meio de fotos e
há uma semana faz buscas no
morro para encontrá-lo.
A estrada das Paineiras, que
leva turistas diariamente a
pontos como a Vista Chinesa, o
Mirante Dona Marta, a Mesa
do Imperador e o Corcovado,
também tem assaltos constantes. Em julho de 2006, um paulista foi assassinado numa tentativa de roubo de seu carro.
Ali, a desordem urbana também afugenta turistas. Além da
guerra entre flanelinhas que
achacam os visitantes que estacionam o carro no acesso ao
Cristo Redentor, a instalação
ilegal de camelôs não serve de
boas lembranças a turistas.
Proteção
O acesso ao Cristo é a "prioridade número zero" do novo diretor do Parque Nacional da Tijuca, Ricardo Calmon, no cargo
há menos de 30 dias. Ele diz
não reconhecer como verdadeiro o número de 750 mil visitantes em 2006 que a Folha
obteve com um funcionário do
Ibama. A queda seria apenas na
estatística oficial.
"A explicação [para a queda]
está muito mais na fragilidade
do controle de pessoas que visitam o parque e na evasão da
renda dos pagantes que entram
de carro no Corcovado. Temos
inúmeras denúncias de que os
funcionários das guaritas não
contabilizam fielmente os pagantes, e por isso o número de
visitantes caiu", disse.
Calmon diz ainda que sua segunda prioridade é o plano para tentar proteger os visitantes.
Intitulado Projeto Jequitibá,
ele poderá aumentar o número
de guardas patrimoniais, fiscais do Ibama, guardas municipais do parque e policiais militares. Além disso, Calmon quer
contratar guardas voluntários.
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