São Paulo, domingo, 18 de março de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Roubo afugenta turista do Parque da Tijuca

TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

A falta de segurança e a desordem urbana estão afastando visitantes do Parque Nacional da Tijuca, local da maior floresta urbana do mundo e do Cristo Redentor, entre outros importantes pontos turísticos do Rio.
Dados do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) mostram que a visitação caiu de mais de 1 milhão de pessoas por ano, em 2004 e 2005, para cerca de 750 mil no ano passado (25%). A floresta tem mais de uma centena de trilhas.
Nos últimos 40 dias, apenas dois assaltos fizeram como vítimas quase 80 visitantes da Floresta da Tijuca. O primeiro aconteceu em 10 de fevereiro, quando grupos distintos somando 34 pessoas foram roubados em diferentes trilhas da floresta. Entre as vítimas está o guia de ecoturismo e analista de sistemas Alexandre Santos, 29, que organiza passeios.
Ele faz parte de uma comunidade sobre montanhismo, com quase 700 membros, no site de relacionamentos Orkut.
"Éramos dez pessoas no meio da trilha para o "Andaraí maior" e passamos por quatro rapazes sentados numa bifurcação. Minutos depois, eles foram atrás da gente e fizeram uma "limpa" exigente, levando câmeras, celulares, dinheiro e até alimentos", conta. O arrastão durou mais três horas, em vários pontos do parque.
No último dia 10, outras 40 pessoas foram assaltadas numa área de lazer onde havia famílias fazendo piquenique e churrasco. Com a notícia, a comunidade de montanhistas tomou uma decisão radical.
"Cancelaremos todos os passeios no parque enquanto não tivermos uma providência da direção. Sabemos que não dá para policiar todas as trilhas, mas é necessário colocar fiscais pelo menos no início e no final das principais. A gente tem um paraíso no quintal de casa, tem que cuidar", afirma.
A trilha que percorria com o grupo é próxima a uma que dá acesso ao morro do Borel (zona norte). Para ele, os criminosos são da favela. A confirmação vem de uma investigação da 19ª DP, que já identificou um dos assaltantes por meio de fotos e há uma semana faz buscas no morro para encontrá-lo.
A estrada das Paineiras, que leva turistas diariamente a pontos como a Vista Chinesa, o Mirante Dona Marta, a Mesa do Imperador e o Corcovado, também tem assaltos constantes. Em julho de 2006, um paulista foi assassinado numa tentativa de roubo de seu carro.
Ali, a desordem urbana também afugenta turistas. Além da guerra entre flanelinhas que achacam os visitantes que estacionam o carro no acesso ao Cristo Redentor, a instalação ilegal de camelôs não serve de boas lembranças a turistas.

Proteção
O acesso ao Cristo é a "prioridade número zero" do novo diretor do Parque Nacional da Tijuca, Ricardo Calmon, no cargo há menos de 30 dias. Ele diz não reconhecer como verdadeiro o número de 750 mil visitantes em 2006 que a Folha obteve com um funcionário do Ibama. A queda seria apenas na estatística oficial.
"A explicação [para a queda] está muito mais na fragilidade do controle de pessoas que visitam o parque e na evasão da renda dos pagantes que entram de carro no Corcovado. Temos inúmeras denúncias de que os funcionários das guaritas não contabilizam fielmente os pagantes, e por isso o número de visitantes caiu", disse.
Calmon diz ainda que sua segunda prioridade é o plano para tentar proteger os visitantes. Intitulado Projeto Jequitibá, ele poderá aumentar o número de guardas patrimoniais, fiscais do Ibama, guardas municipais do parque e policiais militares. Além disso, Calmon quer contratar guardas voluntários.


Texto Anterior: Abandono é "burro", diz ativista
Próximo Texto: Mesmo com risco, floresta é exaltada
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.