São Paulo, terça-feira, 18 de março de 2008

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País discrimina imigrantes que ajudaram economia, diz ONU

MARCELO NINIO
DE GENEBRA

Os imigrantes da América Latina, da África e do Oriente Médio que contribuíram para o boom da construção civil que alavancou o forte crescimento econômico da Espanha dos últimos anos são tratados com discriminação pelo governo.
A advertência foi feita pelo relator especial da ONU para Moradia, o indiano Miloon Kothari, que está deixando o cargo e em breve será substituído pela brasileira Raquel Rolnik. Em seu último relatório, apresentado na ONU, em Genebra, Kothari faz duras críticas ao governo espanhol.
"Enquanto a economia se beneficia enormemente do trabalho dos imigrantes, muitas vezes sabidamente ilegais, eles continuam a viver em condições inadequadas", disse Kothari, que visitou áreas pobres do país para fazer o relatório.
Segundo ele, o governo foi advertido pela ONU sobre o problema em 2003, mas pouco fez para seguir as recomendações. Entre elas, a principal era a de providenciar subsídios para o aluguel de moradias para imigrantes de baixa renda.
Ele disse ter presenciado discriminação contra imigrantes que buscavam moradia e condições bem abaixo dos padrões aceitáveis. Além de apartamentos com superpopulação, constatou o sistema da "cama quente", em que o mesmo quarto é alugado por algumas horas para cada imigrante revezar.
"Em casos extremos vi imigrantes vivendo em construções inacabadas e protegidos por sacos plásticos", disse ele, que comparou as condições às favelas brasileiras. "E além de tudo eles ainda correm o risco de serem presos por serem ilegais e estarem vivendo na rua."


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