São Paulo, terça-feira, 18 de março de 2008

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SP demora até um ano para podar árvores

Prefeitura tem déficit de ao menos 61 engenheiros agrônomos; 4.009 árvores aguardam a vistoria de um funcionário

Administração disse que atendimento a quem solicita a poda leva, em média, 60 dias, mas não informou caso em que houve maior demora

Lalo de Almeida/Folha Imagem
Árvore cujos galhos correm o risco de cair, na praça Horácio Sabino, na zona oeste; prefeitura leva até um ano para fazer poda

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com um déficit de ao menos 61 engenheiros agrônomos, a Prefeitura de São Paulo demora até um ano para podar árvores que encobrem a iluminação de rua, atingem a fiação elétrica ou até mesmo estão sob risco de queda. Hoje, 4.009 árvores aguardam a vistoria de um funcionário das subprefeituras.
Segundo a administração municipal, o atendimento a um munícipe que solicita a poda demora, em média, 60 dias -a prefeitura não informou o caso em que houve maior demora para a realização do serviço. Mas associações de bairros ouvidas pela Folha dizem que o prazo de atendimento ocorre normalmente em três meses e que há casos de mais de um ano de espera.
Em 1987, uma lei do então prefeito Jânio Quadros estabeleceu que as árvores são bens do município. Por isso, mesmo que estejam dentro de um quintal, o cidadão precisa de autorização da prefeitura para podá-las ou cortá-las.
Somente após o laudo do engenheiro agrônomo é concedida a autorização para a poda. De acordo com o arquiteto André Graziano, da Secretaria das Subprefeituras, o adequado seria que cada uma das 31 subprefeituras tivessem ao menos três engenheiros agrônomos para realizar as vistorias em suas regiões. Atualmente, a cidade tem apenas 32 profissionais -ou 34,41% do necessário.
Há apenas três subprefeituras com o número suficiente de engenheiros agrônomos: Butantã (zona oeste), Santo Amaro (zona sul) e Sé (centro).
Já as administrações de Santana (zona norte), M'Boi Mirim (zona sul), São Miguel Paulista, Itaim Paulista e Cidade Tiradentes (as três na zona leste) não têm nenhum. Precisam emprestar das subprefeituras vizinhas. A de Cidade Tiradentes, por exemplo, empresta o agrônomo da de Guaianases. Já a de M'Boi Mirim empresta o da de Santo Amaro.
As secretarias das Subprefeituras e a do Verde reconhecem que há poucos agrônomos. Mas alegam que um edital para concurso público já foi publicado pela Fundação Carlos Chagas e as inscrições estão abertas -o que, segundo as secretarias, amenizará o problema.
De acordo com o presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos e Agrônomos Municipais de SP, João D'Amaro, vem de longa data a necessidade de mais agrônomos na prefeitura. "No último concurso realizado, entretanto, nem todos tomaram posse porque o salário era muito baixo", afirmou. Para o concurso atual, o salário é de R$ 1.837,93.

Acidentes
Desde 5 de março, segundo a Defesa Civil Municipal, caíram cinco árvores na cidade e outras duas tiveram de ser cortadas emergencialmente pelo Corpo de Bombeiros.
Em 8 de março, foram dois acidentes. Em Capela do Socorro, uma árvore caiu sobre uma casa e feriu a empregada que estava na cozinha. Em Ermelino Matarazzo, outra atingiu a calçada de uma escola estadual.


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