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CASAMENTO NA PRAIA
Até outubro, pousadas, hotéis e restaurantes do litoral norte de São Paulo viram palco de cerimônias
Casais trocam o salão pela festa na areia
CLÁUDIA COLLUCCI
ENVIADA ESPECIAL A SÃO SEBASTIÃO
Aberta a estação de casamentos
à beira-mar. Deste mês até outubro, pousadas, hotéis e restaurantes da costa sul de São Sebastião
(SP) estarão sendo palco das bodas de jovens casais habitués das
areias e avessos ao requinte dos
bufês da capital paulista.
Antes visto como escolha isolada de noivos excêntricos, o casamento na praia está se "popularizando" e se tornando uma nova
fonte de renda para os empresários e comerciantes do litoral norte durante a baixa temporada.
Neste ano, pelo menos cinco cerimônias já aconteceram nas
praias de Maresias, Juqueí, Barra
do Sahy e Barra do Una e outras
20 estão previstas para ocorrer até
outubro. Em alguns hotéis e pousadas de Juqueí, já há reservas para casamentos que vão acontecer
em abril e maio do próximo ano.
Em geral, o casal é paulistano,
mas também são freqüentes os
casamentos em que a noiva é brasileira e o noivo, estrangeiro-
franceses, dinamarqueses, italianos, sul-africanos e argentinos,
principalmente. Por preços que
variam entre R$ 20 mil e R$ 60
mil, é possível fechar hotéis, pousadas e restaurantes só para a festa e a hospedagem.
Neste ano, pela primeira vez, o
Juquehy Praia Hotel, um dos mais
sofisticados daquela região, vai fechar durante três finais de semana
em maio só para a realização de
casamentos. As cerimônias no local custam de R$ 38 mil a R$ 45
mil -com a hospedagem e a festa
incluídas.
Um dos casamentos será o da
designer Érica Artuso de Campos,
27, e do advogado Cesar Baptista,
28, ambos de São Paulo. A cerimônia religiosa acontecerá na capelinha de Juqueí, bem em frente
à praia. Em seguida, a festa para
200 convidados será no hotel. Todas as 54 suítes do local estão reservadas para o evento.
Os noivos vão custear 20 suítes
-a diária para casal é de R$ 390,
mas há descontos de 15% para casamentos- para os primeiros
convidados a confirmarem a presença. "Foi uma idéia para estimular os parentes do interior a virem para a cerimônia", diz Campos, cuja família mora em Assis
(SP), a mais de 500 km de Juqueí.
Em geral, os noivos que optam
por casar na praia são freqüentadores do local. "É um lugar que a
gente adora. A família do meu
noivo tem casa em Juqueí e ele
freqüenta o local desde a infância", afirma Campos. O casal presume que vá gastar R$ 20 mil com
a cerimônia de casamento.
Noivos e convidados costumam
chegar ao litoral na tarde de sexta-feira, passam parte do sábado na
praia e, ao entardecer, acontece a
cerimônia. A maioria ainda vai à
praia no dia seguinte antes de voltar para casa.
Foi o que aconteceu no casamento dos administradores de
empresa Adriana Bello, 29, e Paul
Gilson, 40, no último dia 3. Ambos ficaram na praia -ela na barraca com os amigos e ele, surfando- até três horas antes da cerimônia, que aconteceu em um restaurante.
"Queríamos que o casamento
fosse uma confraternização de
amigos, que não ficasse restrita a
poucas horas. Foi ótimo, todo
mundo se sentiu à vontade, sem
aquela preocupação de ter que escolher roupa e sapato para ir ao
casamento", diz Bello.
As capelas de Juqueí, à beira-mar, e de Barra do Sahy, à beira-rio, são as preferidas daqueles casais que não dispensam o culto religioso. No Sahy, o charme fica
por conta de uma singela ponte de
madeira que conduz os noivos até
a igrejinha do outro lado do rio.
Na Barra do Una, as noivas preferem chegar ao local da cerimônia
em um barco enfeitado de flores.
À noite, as festas acontecem em
restaurantes ou casas junto ao
mar, com tendas na areia iluminadas por tochas, esteiras e almofadões. Para comer, a preferência
é por pratos à base de frutos do
mar, como paella e petiscos de camarão, lula e marisco, além de
casquinha de siri e caldo de peixe.
Para beber, não podem faltar caipirinha e cerveja.
Quando o assunto são os trajes
usados nos casamentos praianos,
quase não há diferença entre os
das bodas tradicionais. As moças
dificilmente dispensam as sandálias de salto alto e os vestidos esvoaçantes. Em geral, os rapazes
são mais informais: alguns até arriscam chegar à festa com bermuda, camiseta e chinelos.
A informalidade e a suposta
simplicidade são algumas das razões apontadas pelos noivos para
a escolha do casamento à beira-mar. Simplicidade, pero no mucho. Nove em cada dez noivas não
dispensam passar a tarde no salão
Jacques Janine, que possui duas
unidades em Juqueí e uma na
Barra do Sahy.
Por R$ 830, elas recebem tratamento corporal com ervas e óleos,
banho de banheira com flores e
essências e massagem indiana.
Fazem ainda cabelo e maquiagem. Se alguns desses cuidados
forem extensivos às convidadas,
Rita Fraga, uma das donas do salão, diz que dá desconto de 10% a
15%. "Não é porque estão na praia
que podem relaxar com a aparência", afirma Fraga.
Em Juqueí, uma das unidades
do salão de beleza fica no shopping. Os noivas saem de lá direto
para a capelinha da cidade, a menos de 50 metros do local, o que se
torna um evento na cidade. "Ela é
tão linda, parece artista de televisão", dizia a caiçara Maria Cristina da Silva, 23, na última sexta-feira, ao ver a noiva Ana Cristina
Bergamini passar pelo seu quintal
a caminho da igreja.
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