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Escolas de Kassab estão sem "2º professor"
Após mais de um mês do início das aulas, a Prefeitura de São Paulo ainda não conseguiu contratar os auxiliares dos docentes
Lançado por Serra, projeto prevê o uso de universitários em sala de aula para auxiliar docentes; prefeitura alega problemas burocráticos
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
O ano letivo na rede municipal de São Paulo começou sem
o auxiliar do professor nas classes de 1ª série, uma das propostas de maior impacto da prefeitura para combater a má qualidade do ensino na cidade. Até
agora, passado mais de um mês
de aula, nenhuma turma da rede conta com o estagiário.
A gestão Gilberto Kassab
(DEM, ex-PFL) afirma que enfrentou dificuldade burocrática
e que os estagiários estarão em
atividade até o final deste mês.
Além disso, a prefeitura diz que
irá mais do que dobrar o número de estagiários.
O programa faz parte do projeto "Ler e Escrever" -lançado
pelo então prefeito José Serra
(PSDB)-, que tenta reverter a
situação do ensino na rede: segundo a própria prefeitura,
30% dos alunos de quarta série
não conseguem ler e escrever
com competência.
À época do lançamento, Serra dizia que iria colocar um segundo professor nas salas, apesar de o assistente ainda ser um
estudante universitário. Agora
governador, o tucano afirma
que irá implementar a proposta
também na rede estadual.
Em 2006, primeiro ano do
projeto na prefeitura, foram
contratados 800 alunos de faculdades de pedagogia e letras.
Para 2007, a prefeitura decidiu estender o projeto a todas
as turmas da 1ª série. Para isso,
aumentou o número de estagiários para 1.700. Mas como os
contratos dos estagiários do
ano passado venceram e os novos ainda não foram feitos, nenhuma turma tem o assistente.
"Tivemos dificuldades burocráticas", disse o secretário de
Educação, Alexandre Schneider. Segundo o secretário, o
problema ocorreu porque a forma de contratação mudou. Em
2006, a prefeitura enviava o valor da bolsa (R$ 400 mensais)
para as faculdades, que então
transferiam o montante para
os seus estudantes. Agora, o dinheiro irá direto para o aluno.
"Como mudou o sistema, tenho de pedir uma série de procedimentos internos para poder contratar esses estagiários", disse Schneider. Ele afirmou ainda que os estagiários
são apenas parte do programa
para melhorar a educação (leia
mais em texto ao lado).
"O estagiário cairá de pára-quedas na sala de aula", declarou o presidente da Aprofem
(sindicato dos professores e
funcionários municipais), Ismael Palhares. "Para dar certo,
o bolsista precisa estar afinado
com o projeto pedagógico da
escola e até participar do planejamento, que é em fevereiro."
Já o presidente do Sinpeem
(Sindicato dos Profissionais em
Educação no Ensino Municipal), Claudio Fonseca, ex-vereador do PC do B, afirmou que
"só a diminuição do tamanho
das turmas irá melhorar a alfabetização das crianças".
Reclamações
Bolsistas selecionados para o
programa também reclamam
do atraso, pois dizem que ficaram sem informações sobre o
projeto e muitos deixaram seus
empregos e agora dependem da
bolsa, que ainda não começou a
ser paga. Tradicionalmente, estudantes de letras e de pedagogia estão entre os que mais têm
dificuldades financeiras.
"Saí do meu emprego porque
esperava usar a bolsa para bancar os meus gastos na faculdade", reclamou uma aluna de 25
anos que cursa o 4º ano de pedagogia (os estudantes pedem
para não serem identificados).
"Não estamos sentindo comprometimento da prefeitura
com o projeto, o que pode refletir na motivação dos estagiários", disse um aluno de 23
anos, do 3º ano de letras.
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