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Lygia Fagundes Telles é multada por demolição de casa em Higienópolis
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
A escritora Lygia Fagundes
Telles, 82, foi multada pelo
patrimônio histórico de São
Paulo pela demolição irregular de uma casa construída
em área tombada na rua Dr.
Veiga Filho, em Higienópolis
(região central). O valor ainda
não foi definido.
Lygia disse à Folha desconhecer as irregularidades da
obra, e Francisco Régis Perez,
administrador dos bens da
escritora, afirmou que ela "é a
inocente da história".
Segundo o órgão, o imóvel
de número 323 foi posto
abaixo "sem a necessária e
prévia autorização do colegiado". Um pedido de alvará
de demolição, diz o Conpresp
(conselho municipal do patrimônio histórico), só foi
protocolado em janeiro deste
ano, embora no lugar exista
um estacionamento desde
dezembro de 2002.
A escritora disse à Folha
que o imóvel foi herdado do
marido, o teórico do cinema e
ensaísta Paulo Emílio Sales
Gomes, morto em 1977.
"Só faltava essa [sobre a
aplicação da multa]. A casa
estava podre, infestada de cupins. Não havia nada", afirmou Lygia.
Engenheiros avaliaram em
R$ 100 mil os custos da reforma da casa. "Não tinha esse
dinheiro."
Hoje ainda dona do terreno, Lygia recebe R$ 3.500 de
aluguel da empresa de estacionamento. E aí está o problema, segundo diz.
Em outubro de 2002, a escritora afirma ter sido procurada pela Free Estacionamentos Ltda., com a proposta
de aluguel do terreno. O contrato de locação, conta Perez,
previa que os custos da demolição e a responsabilidade
pela legalização da obra seriam do locatário.
A empresa supostamente
negligenciou os procedimentos para o alvará de demolição e, quando da renovação
do contrato, em dezembro do
ano passado, não apresentou
a licença da prefeitura. O locatário é o empresário Pedrinho Paulo Gerlach, que confirmou sua responsabilidade
pelo alvará de demolição.
"Foi dado prazo no Conpresp, e o licenciamento saiu
agora", afirmou Gerlach.
O presidente do Conpresp,
José Eduardo Lefèvre, disse
que a casa ficava no entorno
de dois bens tombados da região, o colégio Nossa Senhora
de Sion e o edifício Louveira.
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