São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 2008

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Se fosse culpado, Nardoni confessaria, diz pai

Antonio Nardoni, pai de Alexandre, afirma que filho já "teria assinado a confissão" se fosse responsável pela morte de Isabella

Ele defende a hipótese de uma terceira pessoa na cena do crime e diz que, após a queda da menina, "entrou e saiu quem quis" do prédio

LUÍS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL

GABRIELA QUINTELA
DA FOLHA ONLINE

O advogado Antonio Nardoni, avô paterno da menina Isabella, afirmou ontem que, se seu filho fosse culpado pela morte da garota, "ele já teria assinado a confissão". A afirmação foi dada na porta do 9º DP (Carandiru), que concentra as investigações do caso, logo após sua mulher, Maria Alves Aparecida Nardoni, prestar depoimento.
A declaração foi em resposta a um jornalista, que o questionou se denunciaria o filho caso soubesse que ele teve algum envolvimento com a morte da menina: "Com certeza. Ele já teria assinado a confissão".
Para a polícia, o pai da menina, Alexandre Nardoni, 29, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá, 24, são os únicos suspeitos pela morte de Isabella. Os policiais acreditam que a menina tenha sido jogada do sexto andar pelo pai após a madrasta ter tentado asfixiá-la.
A polícia não divulgou o teor do depoimento de Maria Aparecida. A avó paterna da menina integra uma lista de 22 nomes apresentada pela defesa do casal. Ela deixou a delegacia sem falar com a imprensa.
Em entrevista à Folha Online, Antonio Nardoni afirmou que Isabella manifestou por várias vezes o desejo de morar com o pai e a madrasta. "Isabel-la sempre ficou com a empregada [na casa da mãe, Ana Carolina Oliveira]", disse, por telefone. De acordo com ele, na casa de Alexandre, "tinha os dois irmãos e tinha a Jatobá".
Em depoimento à polícia no dia 2, a mãe de Isabella disse acreditar que o casal tenha "de alguma forma" envolvimento na morte. Também relatou que Alexandre ameaçou matar a ex-sogra durante uma briga por acreditar que tivesse sido dela a iniciativa de matricular a menina -então com um ano e quatro meses- numa escola.
O avô rebateu a versão. Segundo ele, o motivo da discussão foram provocações por parte da mãe de Isabella. "Ele estava realmente nervoso; as duas [mãe e avó] também estavam descontroladas", disse. "Tanto ela quanto a mãe dela colocavam o rosto para ele bater. Diziam que não era homem, porque, se ele fosse, bateria nelas."
Ele nega que Alexandre tenha buscado uma arma em uma briga, como disse Ana Carolina.
À polícia, a mãe de Isabella relatou brigas envolvendo o pai e a madrasta. Antonio negou que os dois formassem um casal "totalmente descontrolado", como afirmou em depoimento a síndica de um prédio onde os dois já moraram. "A Anna Carolina grita muito, ela fala muito alto", justificou ele.
O pai de Alexandre Nardoni voltou a insistir na possibilidade de envolvimento de uma terceira pessoa na cena do crime. Diz que, nos 30 minutos após a queda de Isabella, "entrou e saiu quem quis" do prédio.
A reportagem não conseguiu falar com Ana Carolina de Oliveira para comentar as declarações de Antonio Nardoni.


Ouça a entrevista com Antonio Nardoni


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