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Conar suspende 2 propagandas da Petrobras
Ação, acatada pelo conselho, afirma que empresa faz publicidade enganosa ao divulgar ações de preservação ambiental
Segundo a ação, empresa mantém no mercado um diesel extremamente poluente, que afeta a
saúde da população
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Conar (Conselho Nacional
de Auto-Regulamentação Publicitária) decidiu ontem suspender a veiculação de duas
campanhas publicitárias da Petrobras em que a empresa destacava suas ações de preservação do meio ambiente. O conselho acatou o argumento de que
se tratava de propaganda enganosa da empresa.
A decisão ocorreu em razão
de uma ação movida pelos governos estaduais de São Paulo e
de Minas Gerais, pela Prefeitura de São Paulo e por ONGs.
De acordo com a ação, a Petrobras faz propaganda enganosa ao manter no mercado um
diesel extremamente poluente
-com alta concentração de enxofre, que é cancerígeno e afeta
a saúde da população.
A ação pede que o Conar
"suste a divulgação de todas as
campanhas que abordem sua
sustentabilidade empresarial e
responsabilidade socioambiental, vez que como demonstrado
estes compromissos não existem na prática".
No site do Conar, a única
menção à decisão diz que a suspensão foi decidida "por maioria de votos". Não há justificativa para a decisão.
As entidades afirmam que a
empresa fala recorrentemente
em suas campanhas e anúncios
publicitários sobre seu compromisso com a qualidade ambiental e com o desenvolvimento sustentável. "Entretanto, essa postura que é transmitida por meio da publicidade
não condiz com os esforços para uma atuação social e ambientalmente correta".
O secretário municipal de
São Paulo, Eduardo Jorge (Verde e Meio Ambiente), que desde 2005 insiste para que a Petrobras coloque no mercado
um diesel menos poluente, disse que "a decisão foi exemplar".
O secretário estadual Xico
Graziano (Meio Ambiente)
concorda. Para ele, a decisão é
"uma vitória ética fundamental
porque o Conar, no fundo, defende o consumidor". "Ficou
comprovado que a Petrobras
tem uma conduta inadequada."
Marcelo Furtado, do Greenpeace, afirma que o Conar ontem "repudiou a maquiagem
verde". "Isso é fundamental para estimular as empresas que
querem fazer sustentabilidade
com seriedade a continuarem.
E dá um sinal para aquelas que
querem arriscar enganar o público e não cumprir leis de que
não há mais espaço para picaretagem", afirmou.
Na opinião de Oded Grajew,
do Movimento Nossa São Paulo, a decisão é histórica na área
da responsabilidade social e vai
criar jurisprudência. "A decisão
indica que para se mostrar socialmente responsável a empresa precisa agir da mesma
forma em relação a todos os
seus públicos", diz.
O Conar não se manifestou
sobre a decisão. A assessoria de
imprensa do conselho apenas
informou que a decisão ocorreu por maioria dos votos.
Enxofre
O diesel distribuído pela Petrobras tem alta concentração
de enxofre: são 500 ppm (partes por milhão) desse poluente
nas regiões metropolitanas e
2.000 ppm no interior. Países
da Europa têm 50 ppm e o Japão, 10 ppm, por exemplo.
A resolução 315 do Conselho
Nacional do Meio Ambiente estabeleceu novos limites de
emissão de poluentes que devem ser atendidos pelos veículos. Para isso, é preciso passar a
usar o diesel 50 ppm e motores
com catalisadores a partir de 1º
de janeiro de 2009.
No ano passado, no entanto,
a Petrobras afirmou que faria a
distribuição de diesel menos
poluente somente quando os
veículos disponíveis no mercado tivessem motores com tecnologia semelhante à européia.
E a Anfavea (associação dos fabricantes de veículos) afirmou
que tem, por lei, um prazo até
novembro de 2010 para colocar
os novos veículos no mercado.
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