São Paulo, sábado, 18 de abril de 2009

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Estudantes são roubadas em sala de aula na UFRJ

Crime ocorreu anteontem à tarde, no Rio; professora que também foi assaltada afirma que não vai alterar sua rotina

Campus onde aconteceu o crime, na ilha do Fundão, já foi ponto de desova de cadáveres e fica em frente ao complexo de favelas da Maré

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

Quatro alunas e uma professora do Instituto de Nutrição da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) foram assaltadas anteontem por um homem que invadiu armado uma das salas de aula, por volta das 16h20. O crime aconteceu no campus da ilha do Fundão, na zona norte do Rio de Janeiro.
A professora Lúcia Andrade conta que realizava uma atividade de estágio com as estudantes quando foi surpreendida pelo assaltante. "Quando ele entrou, ficamos olhando sem entender direito o que fazia ali. Mas ele logo anunciou que era um assalto e levou celulares e dinheiro. Foi tudo muito rápido, acho que durou menos de dez minutos", afirma Lúcia.
A professora diz que, apesar do incidente, não pretende alterar a sua rotina de trabalho no Instituto de Nutrição.
Ontem, no entanto, já foi possível verificar mudanças no dia a dia dos estudantes. Uma turma de pós-graduação que estava tendo aula em frente à sala onde ocorreu o assalto, no subsolo da universidade, pediu para que o professor deixasse a porta trancada.
"Isso atrapalhou bastante a aula, pois toda hora alguém batia na porta e tínhamos que abrir, mas foi um pedido nosso porque estamos muito inseguros", afirmou Roseli Costa, aluna da pós-graduação.
O clima de insegurança na ilha do Fundão, principal campus da UFRJ, não é novidade. O local já foi ponto de desova de cadáveres, fica em frente ao complexo de favelas da Maré, o maior da cidade, e, ultimamente, alunos reclamam de sequestros relâmpagos.
Estudantes de nutrição dizem que já era prática comum evitarem circular sozinhos pela escola, especialmente no subsolo do Instituto de Nutrição.
Ontem, a professora assaltada foi registrar queixa na 37ª Delegacia de Polícia. Ela reconheceu o criminoso pelas câmeras do circuito de segurança.
O prefeito da UFRJ, Helio de Mattos Alves, disse que o vídeo seria entregue imediatamente à Polícia Civil. Segundo ele, este foi o quinto caso de assalto à mão armada registrado dentro da universidade em cinco anos.
O último deles ocorreu no campus da Praia Vermelha, na zona sul do Rio de Janeiro. Na ocasião, um estudante e um professor de administração foram agredidos e rendidos.
Alves diz que os furtos e roubos na UFRJ tiveram forte redução de 2003 para 2008 -caíram de 57 para 24 registros. Ele admite, no entanto, que a segurança ainda é insuficiente. "Só na ilha do Fundão temos uma área superior a de Ipanema e Copacabana, mas há apenas 12 vigilantes para fazer a ronda externa, em seis carros", relata.
Dentro dos prédios da UFRJ, diz Alves, o serviço de vigilância é terceirizado e conta com 550 homens. Segundo ele, além do aumento do efetivo de vigilantes, a solução para diminuir os crimes é a adoção de catracas eletrônicas e o uso de crachás.

Depósito de sucata
O subsolo do Instituto de Nutrição, área destinada a estudos, está cheio de sucata. Em frente a uma entrada do local há um campo abandonado, com mato não aparado, vidros quebrados pelo chão e carcaças de condicionadores de ar velhos empilhadas do lado de fora. Por dentro, a aparência não é diferente. Restos de cadeiras e mesas formam uma pilha com quase dois metros de altura. Os corredores, além de escuros, abrigam mesas das salas.
O subsolo do prédio é um dos locais do campus mais temidos pelos estudantes. Além de furtos e roubos, já houve registro no local de casos de estupro, o que leva a maioria das estudantes a evitar o local ou a sempre andarem acompanhadas quando há aulas.
Ontem, um dia após o assalto, havia um segurança na porta do subsolo.
Sobre o estado de abandono do subsolo do curso de nutrição, o prefeito da UFRJ, Helio de Mattos Alves, diz que na segunda-feira será feito um mutirão de limpeza. Ele afirma que houve um problema no contrato da empresa de manutenção, o que deixou o local sem limpeza por 30 dias. Segundo Alves, a situação voltará ao normal na próxima semana.


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