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Estudantes são roubadas em sala de aula na UFRJ
Crime ocorreu anteontem à tarde, no Rio; professora que também foi assaltada afirma que não vai alterar sua rotina
Campus onde aconteceu o crime, na ilha do Fundão, já foi ponto de desova de cadáveres e fica em frente ao complexo de favelas da Maré
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Quatro alunas e uma professora do Instituto de Nutrição
da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) foram assaltadas anteontem por um homem que invadiu armado uma
das salas de aula, por volta das
16h20. O crime aconteceu no
campus da ilha do Fundão, na
zona norte do Rio de Janeiro.
A professora Lúcia Andrade
conta que realizava uma atividade de estágio com as estudantes quando foi surpreendida pelo assaltante. "Quando ele
entrou, ficamos olhando sem
entender direito o que fazia ali.
Mas ele logo anunciou que era
um assalto e levou celulares e
dinheiro. Foi tudo muito rápido, acho que durou menos de
dez minutos", afirma Lúcia.
A professora diz que, apesar
do incidente, não pretende alterar a sua rotina de trabalho
no Instituto de Nutrição.
Ontem, no entanto, já foi
possível verificar mudanças no
dia a dia dos estudantes. Uma
turma de pós-graduação que
estava tendo aula em frente à
sala onde ocorreu o assalto, no
subsolo da universidade, pediu
para que o professor deixasse a
porta trancada.
"Isso atrapalhou bastante a
aula, pois toda hora alguém batia na porta e tínhamos que
abrir, mas foi um pedido nosso
porque estamos muito inseguros", afirmou Roseli Costa, aluna da pós-graduação.
O clima de insegurança na
ilha do Fundão, principal campus da UFRJ, não é novidade. O
local já foi ponto de desova de
cadáveres, fica em frente ao
complexo de favelas da Maré, o
maior da cidade, e, ultimamente, alunos reclamam de sequestros relâmpagos.
Estudantes de nutrição dizem que já era prática comum
evitarem circular sozinhos pela
escola, especialmente no subsolo do Instituto de Nutrição.
Ontem, a professora assaltada foi registrar queixa na 37ª
Delegacia de Polícia. Ela reconheceu o criminoso pelas câmeras do circuito de segurança.
O prefeito da UFRJ, Helio de
Mattos Alves, disse que o vídeo
seria entregue imediatamente
à Polícia Civil. Segundo ele, este
foi o quinto caso de assalto à
mão armada registrado dentro
da universidade em cinco anos.
O último deles ocorreu no
campus da Praia Vermelha, na
zona sul do Rio de Janeiro. Na
ocasião, um estudante e um
professor de administração foram agredidos e rendidos.
Alves diz que os furtos e roubos na UFRJ tiveram forte redução de 2003 para 2008 -caíram de 57 para 24 registros. Ele
admite, no entanto, que a segurança ainda é insuficiente. "Só
na ilha do Fundão temos uma
área superior a de Ipanema e
Copacabana, mas há apenas 12
vigilantes para fazer a ronda externa, em seis carros", relata.
Dentro dos prédios da UFRJ,
diz Alves, o serviço de vigilância
é terceirizado e conta com 550
homens. Segundo ele, além do
aumento do efetivo de vigilantes, a solução para diminuir os
crimes é a adoção de catracas
eletrônicas e o uso de crachás.
Depósito de sucata
O subsolo do Instituto de Nutrição, área destinada a estudos, está cheio de sucata. Em
frente a uma entrada do local
há um campo abandonado,
com mato não aparado, vidros
quebrados pelo chão e carcaças
de condicionadores de ar velhos empilhadas do lado de fora. Por dentro, a aparência não
é diferente. Restos de cadeiras
e mesas formam uma pilha com
quase dois metros de altura. Os
corredores, além de escuros,
abrigam mesas das salas.
O subsolo do prédio é um dos
locais do campus mais temidos
pelos estudantes. Além de furtos e roubos, já houve registro
no local de casos de estupro, o
que leva a maioria das estudantes a evitar o local ou a sempre
andarem acompanhadas quando há aulas.
Ontem, um dia após o assalto, havia um segurança na porta
do subsolo.
Sobre o estado de abandono
do subsolo do curso de nutrição, o prefeito da UFRJ, Helio
de Mattos Alves, diz que na segunda-feira será feito um mutirão de limpeza. Ele afirma que
houve um problema no contrato da empresa de manutenção,
o que deixou o local sem limpeza por 30 dias. Segundo Alves, a
situação voltará ao normal na
próxima semana.
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