São Paulo, sábado, 18 de abril de 1998

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"É absurdo pagar para parar na rua", diz aluna

da Reportagem Local

Quarta-feira, 20h. A estudante de pedagogia Érica Watanabe Okuna chega atrasada para uma aula na PUC. Na rua onde costuma estacionar, não há vagas. Érica para o carro em local proibido, em frente a uma garagem e deixa a chave com o flanelinha.
Pela comodidade de poder chegar atrasada sem precisar procurar vagas, Érica paga R$ 70,00 por mês ao flanelinha. "Eu acho um absurdo pagar para parar na rua, mas se eu não pagar, não vou ter onde parar. Os estacionamentos que tem aqui são muito caros" diz.
A estudante não sabe o endereço do guardador de carros, em quem diz ter "confiança absoluta".
Ela diz que começou a deixar o carro no local após indicação de colegas de classe que também costumam deixar as chaves. O flanelinha fica na rua das 19h às 24h.
B. S., que guarda o carro de Érica, diz que trabalha como manobrista, durante o dia, em um estacionamento no centro da cidade. "Ninguém é obrigado a dar nada para estacionar aqui", diz B.S.
O estudante Éric Serra, do primeiro ano de economia da PUC, costuma deixar o carro com o guardador Cazuza, na rua Bartira. "Meus amigos me indicaram o Cazuza, porque ele é de confiança. Se eu ficar esperando aparecer uma vaga, perco a aula", disse Serra.
A maioria dos estudantes da PUC, entretanto, não gosta da presença dos flanelinhas e acabam discutindo com eles.
É o caso do presidente do centro acadêmico 22 de Agosto, da Faculdade de Direito, Ricardo Handro, que diz já ter sido ameaçado de morte por um flanelinha. Ele diz que os guardadores costumam guardar as vagas para quem paga mensalidades colocando caixotes ou sacos de lixo, no meio-fio.
Ao todo, pelo menos 20 guardadores ocupam os pontos próximos à PUC, em ruas como Ministro Godoy, Bartira e Monte Alegre.
A região de cada um é delimitada e o horário de atuação também, tendo maior movimento costumam ser entre as 7h e as 12h e entre as 19h e as 24h. Os flanelinhas não revelam quanto ganham por mês, mas alguns afirmam que melhoraram de vida depois que começaram a guardar carros.



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