São Paulo, sábado, 18 de abril de 1998

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CRIME
Em novo depoimento, prima de Ana Carolina muda versão sobre assassinato próximo a túnel no Rio de Janeiro
Polícia crê em vingança contra estudante

JAQUELINE RAMOS
free-lance para a Folha

A polícia acredita que a hipótese mais provável para o assassinato da estudante Ana Carolina da Costa Lino, ocorrido na noite de terça-feira em Laranjeiras (zona sul da cidade do Rio de Janeiro), é a de vingança.
O delegado Márcio Tomás Franco, um dos responsáveis pelo caso, disse ontem que, embora não descarte as possibilidades de assalto e de tentativa de sequestro, acredita mais em vingança.
O delegado disse, porém, não saber quem teria motivos para se vingar da estudante Ana Carolina ou de sua família. O pai de Ana Carolina é o dono da rede de joalherias Frank Jóias, Franklin Lino.
Franco explicou que a polícia chegou a essa conclusão após analisar as circunstâncias do crime e o novo depoimento de Ana Paula Lobato, 18, prestado na quinta-feira à noite.
História diferente
Segundo Márcio Tomás Franco, Ana Paula, que acompanhava Ana Carolina no carro em que ela foi morta, contou no novo depoimento uma história diferente da revelada no dia do crime.
Ela teria dito que tinha ido com Ana Carolina a uma casa da família em Itaipava (região serrana do Estado do Rio de Janeiro) por volta de 13h. Pela versão anterior, as duas teriam ido para o Centro Educacional da Lagoa (zona sul).
Ana Paula ainda teria dito no depoimento que, quando voltavam para casa, por volta das 22h, Ana Carolina errou o caminho e acabou passando pelo Maracanã (zona norte), o que a fez pegar o túnel Santa Bárbara no sentido norte-sul. A estudante foi abordada por quatro homens num Palio preto na saída do túnel.
Baseado nisso, o delegado explicou que, por estar perdida, o caminho feito por Ana Carolina naquela noite não poderia ser conhecido por sequestradores.
Para ele, a hipótese de assalto também não faz sentido porque Ana Paula voltou a afirmar que os quatro homens saíram do carro, o que não seria o normal se quisessem apenas roubar e fugir.
A nova história contada por Ana Paula também fez com que a polícia decidisse realizar, no final da noite de ontem, uma reconstituição do crime.
O objetivo da reconstituição é tentar descobrir se a porta do carro foi aberta ou não na hora em que ocorreram os disparos.
Ana Paula disse no depoimento que a porta e o vidro não foram abertos em nenhum momento, mas o laudo médico mostra que o tiro de escopeta que matou Ana Carolina teria sido dado à queima-roupa.
Retrato falado
O depoimento da prima da vítima, Ana Paula, também gerou um retrato falado, divulgado na noite de anteontem.
No final da tarde de ontem, um novo retrato falado estava sendo produzido com a ajuda de Isaac Britto de Souza, dono do Palio roubado usado pelos criminosos.
O possível envolvimento dos supostos traficantes Pedro Roberto dos Santos Silva, o "Bruxo", e Max Amaro da Cruz, que se encontram presos por posse de armas e drogas, já foi descartado pela polícia, já que Ana Paula não reconheceu nenhum dos dois.



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