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CRIME
Em novo depoimento, prima de Ana Carolina muda versão sobre assassinato próximo a túnel no Rio de Janeiro
Polícia crê em vingança contra estudante
JAQUELINE RAMOS
free-lance para a Folha
A polícia acredita que a hipótese
mais provável para o assassinato
da estudante Ana Carolina da Costa Lino, ocorrido na noite de terça-feira em Laranjeiras (zona sul
da cidade do Rio de Janeiro), é a de
vingança.
O delegado Márcio Tomás Franco, um dos responsáveis pelo caso, disse ontem que, embora não
descarte as possibilidades de assalto e de tentativa de sequestro,
acredita mais em vingança.
O delegado disse, porém, não saber quem teria motivos para se
vingar da estudante Ana Carolina
ou de sua família. O pai de Ana Carolina é o dono da rede de joalherias Frank Jóias, Franklin Lino.
Franco explicou que a polícia
chegou a essa conclusão após analisar as circunstâncias do crime e o
novo depoimento de Ana Paula
Lobato, 18, prestado na quinta-feira à noite.
História diferente
Segundo Márcio Tomás Franco,
Ana Paula, que acompanhava Ana
Carolina no carro em que ela foi
morta, contou no novo depoimento uma história diferente da
revelada no dia do crime.
Ela teria dito que tinha ido com
Ana Carolina a uma casa da família em Itaipava (região serrana do
Estado do Rio de Janeiro) por volta de 13h. Pela versão anterior, as
duas teriam ido para o Centro
Educacional da Lagoa (zona sul).
Ana Paula ainda teria dito no depoimento que, quando voltavam
para casa, por volta das 22h, Ana
Carolina errou o caminho e acabou passando pelo Maracanã (zona norte), o que a fez pegar o túnel
Santa Bárbara no sentido norte-sul. A estudante foi abordada
por quatro homens num Palio
preto na saída do túnel.
Baseado nisso, o delegado explicou que, por estar perdida, o caminho feito por Ana Carolina naquela noite não poderia ser conhecido por sequestradores.
Para ele, a hipótese de assalto
também não faz sentido porque
Ana Paula voltou a afirmar que os
quatro homens saíram do carro, o
que não seria o normal se quisessem apenas roubar e fugir.
A nova história contada por Ana
Paula também fez com que a polícia decidisse realizar, no final da
noite de ontem, uma reconstituição do crime.
O objetivo da reconstituição é
tentar descobrir se a porta do carro foi aberta ou não na hora em
que ocorreram os disparos.
Ana Paula disse no depoimento
que a porta e o vidro não foram
abertos em nenhum momento,
mas o laudo médico mostra que o
tiro de escopeta que matou Ana
Carolina teria sido dado à queima-roupa.
Retrato falado
O depoimento da prima da vítima, Ana Paula, também gerou um
retrato falado, divulgado na noite
de anteontem.
No final da tarde de ontem, um
novo retrato falado estava sendo
produzido com a ajuda de Isaac
Britto de Souza, dono do Palio
roubado usado pelos criminosos.
O possível envolvimento dos supostos traficantes Pedro Roberto
dos Santos Silva, o "Bruxo", e Max
Amaro da Cruz, que se encontram
presos por posse de armas e drogas, já foi descartado pela polícia,
já que Ana Paula não reconheceu
nenhum dos dois.
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