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"Ninguém manda no Rio", diz secretário
DA SUCURSAL DO RIO
O governo Benedita (PT) reagiu
ontem com veemência contra a
idéia de uma força-tarefa comandada pela PF (Polícia Federal),
com a presença das Forças Armadas, no policiamento das ruas.
"Ninguém manda no Rio de Janeiro. O Rio é um Estado autônomo, e o Brasil é uma república federativa. Quem vai mandar no
Rio de Janeiro é o Rio. Nenhum
ministério manda na minha secretaria", afirmou o secretário de
Segurança, Roberto Aguiar.
A governadora disse que não recusará a ajuda do governo federal,
mas que não abrirá mão de que o
controle da segurança fique a cargo das polícias Civil e Militar.
"Aceitamos a ajuda, mas daremos
todas as diretrizes para qualquer
contribuição que vier", declarou.
Aguiar deixou claro que o governo não aceitará a presença das
Forças Armadas no policiamento
-o que caracterizaria uma repetição da Operação Rio, realizada
em 1994, também em um ano de
eleição presidencial, quando o governador Leonel Brizola (PDT) se
licenciara para disputar a Presidência da República, sendo substituído pelo vice Nilo Batista.
Benedita admitiu o apoio das
Forças Armadas, desde que se
restrinja à área social. "As Forças
Armadas sabem de suas funções e
manterão conosco uma relação
na área social, onde já possuem
experiência."
Sem esconder a irritação,
Aguiar disse que a criação da força-tarefa gerou "perplexidade"
no governo. "Se nós já estamos integrados, com a Polícia Civil e a
Polícia Federal agindo, que novidade isso traz? Seria discurso político? Uma solidariedade vaga?",
indagou. Questionado se o ato foi
político, disse: "Todo ato é político. Há políticas boas e más".
O secretário não quer nem mesmo usar a expressão força-tarefa.
"Que força-tarefa nada!"
Ele não poupou nem sequer o
presidente da República interino,
Marco Aurélio de Mello, presidente do STF (Supremo Tribunal
Federal), que anteontem disse
que o tráfico tem feito o papel do
Estado em algumas favelas. "Algumas autoridades do Judiciário
entendem muito de Justiça, mas
nada de segurança pública."
Foi um dia de embate também
com o superintendente da PF no
Rio, Marcelo Itagiba. Aguiar cobrou ação no combate à entrada
de armas e drogas no Rio.
O superintendente voltou a defender ontem a criação da força-tarefa e disse que a PF está sendo
efetiva no combate à entrada de
armas e drogas no Estado.
"Estamos fazendo grandes
apreensões de drogas em Mato
Grosso e São Paulo, que seriam
destinadas ao Rio", afirmou.
A pauta de propostas do governo estadual deverá ser apresentada na segunda-feira aos órgãos federais. O governo está solicitando
a liberação de R$ 22 milhões do
Ministério da Justiça para projetos de treinamento de policiais.
Ameaças
A secretária estadual de Direitos
Humanos e Sistema Penitenciário, Wania Sant'Anna, vem recebendo ameaças por telefone desde que o prédio da secretaria, em
Botafogo (zona sul), foi alvo de
um atentado, na terça-feira.
O inquérito foi enviado ontem
para a Delegacia de Repressão ao
Crime Organizado e está a cargo
do delegado titular da unidade,
Ricardo Hallak. "Vamos investigar também essas ameaças, mas
isso está parecendo trote", disse.
Policiais civis estiveram ontem
nas redondezas da secretaria em
busca de testemunhas que pudessem ajudar a produzir um retrato
falado dos autores do atentado.
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