São Paulo, sábado, 18 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Marco Aurélio diz confiar em petista

RENATA GIRALDI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente interino da República, Marco Aurélio de Mello, disse ontem que não pode ser ingênuo em relação ao aumento da violência no Rio de Janeiro. Comparando a situação a uma guerra, disse confiar nas forças de segurança do Estado e na liderança da governadora do Rio de Janeiro, Benedita da Silva (PT).
"O que ocorre quando a polícia precisa subir o morro é que ela praticamente já sobe atirando. A quadra é uma quadra semelhante à de guerra. Agora confio no poder público do Estado do Rio", disse o presidente interino.
Em tom diplomático, Marco Aurélio respondeu às críticas feitas pelo secretário da Segurança Pública do Rio, Roberto Aguiar, a quem chamou de "técnico e sensível homem público", após dizer que confia no seu trabalho.
Aguiar insinuou que Marco Aurélio desconhecia a realidade do Rio, embora fosse presidente do Supremo Tribunal Federal. "Respeito a ótica do meu colega de UnB [Universidade de Brasília", a quem muito admiro, mas não me permito ser ingênuo. Os fatos são notórios", disse.
Em seguida, Marco Aurélio acrescentou: "O que se verifica é que o espaço aberto no campo social é ocupado de forma nefasta e danosa por terceiros -e terceiros delinquentes".
Por sua vez, o ministro da Justiça, Miguel Reale Jr., disse, ao telefone, que ofereceu uma ajuda à governadora do Rio ""sem nenhuma intenção política". "Estou facilitando a vida dela. Mas se ela não quiser aceitar, o problema é dela", afirmou o ministro ao comentar a recusa da administração fluminense à oferta de instituir uma força-tarefa para ajudar no combate à criminalidade no Rio.
Segundo ele, a força-tarefa é importante porque é uma somatória de esforços, que pode ser usada por todos os Estados que tiverem algum problema de violência.

No Planalto
A Folha apurou que o governo federal decidiu manter o alerta máximo em relação às decisões tomadas por Benedita da Silva, observando sua habilidade no controle das ações da polícia.
Para militares ligados ao presidente Fernando Henrique Cardoso, Benedita tomou uma decisão corajosa ao recusar a proposta de criação de força-tarefa, sugerida pelo ministro da Justiça.
Mas eles afirmam que a governadora terá de redobrar o cuidado ao definir as próximas medidas que serão implementadas. Um oficial disse à Folha que, se forem executadas ações paliativas, os efeitos podem ser caóticos.
O Planalto manterá a supervisão estratégica em relação à situação da violência do Rio. Apesar do agravamento do quadro, assessores ligados a FHC dizem que há confiança na política de segurança pública da governadora.
Um dos militares, que atua no setor de segurança estratégica e combate ao narcotráfico, comentou que a imposição de regras deve partir sempre do governo, nunca do narcotráfico. Na sua opinião, a governadora do PT tem consciência disso.
No passado, as Forças Armadas foram convocadas a intervir no Rio em três momentos diferentes. Uma vez em 1999 e em outras duas ocasiões em 1994.


Colaborou a Redação


Texto Anterior: Cidade precisa "de tiro", afirma Cesar Maia
Próximo Texto: Panorâmica - Segurança: Ex-preso Curica é detido pela PF
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.