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Marco Aurélio diz confiar em petista
RENATA GIRALDI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente interino da República, Marco Aurélio de Mello,
disse ontem que não pode ser ingênuo em relação ao aumento da
violência no Rio de Janeiro. Comparando a situação a uma guerra,
disse confiar nas forças de segurança do Estado e na liderança da
governadora do Rio de Janeiro,
Benedita da Silva (PT).
"O que ocorre quando a polícia
precisa subir o morro é que ela
praticamente já sobe atirando. A
quadra é uma quadra semelhante
à de guerra. Agora confio no poder público do Estado do Rio",
disse o presidente interino.
Em tom diplomático, Marco
Aurélio respondeu às críticas feitas pelo secretário da Segurança
Pública do Rio, Roberto Aguiar, a
quem chamou de "técnico e sensível homem público", após dizer
que confia no seu trabalho.
Aguiar insinuou que Marco Aurélio desconhecia a realidade do
Rio, embora fosse presidente do
Supremo Tribunal Federal. "Respeito a ótica do meu colega de
UnB [Universidade de Brasília", a
quem muito admiro, mas não me
permito ser ingênuo. Os fatos são
notórios", disse.
Em seguida, Marco Aurélio
acrescentou: "O que se verifica é
que o espaço aberto no campo social é ocupado de forma nefasta e
danosa por terceiros -e terceiros
delinquentes".
Por sua vez, o ministro da Justiça, Miguel Reale Jr., disse, ao telefone, que ofereceu uma ajuda à
governadora do Rio ""sem nenhuma intenção política". "Estou facilitando a vida dela. Mas se ela
não quiser aceitar, o problema é
dela", afirmou o ministro ao comentar a recusa da administração
fluminense à oferta de instituir
uma força-tarefa para ajudar no
combate à criminalidade no Rio.
Segundo ele, a força-tarefa é importante porque é uma somatória
de esforços, que pode ser usada
por todos os Estados que tiverem
algum problema de violência.
No Planalto
A Folha apurou que o governo
federal decidiu manter o alerta
máximo em relação às decisões
tomadas por Benedita da Silva,
observando sua habilidade no
controle das ações da polícia.
Para militares ligados ao presidente Fernando Henrique Cardoso, Benedita tomou uma decisão
corajosa ao recusar a proposta de
criação de força-tarefa, sugerida
pelo ministro da Justiça.
Mas eles afirmam que a governadora terá de redobrar o cuidado ao definir as próximas medidas que serão implementadas.
Um oficial disse à Folha que, se
forem executadas ações paliativas, os efeitos podem ser caóticos.
O Planalto manterá a supervisão estratégica em relação à situação da violência do Rio. Apesar
do agravamento do quadro, assessores ligados a FHC dizem que
há confiança na política de segurança pública da governadora.
Um dos militares, que atua no
setor de segurança estratégica e
combate ao narcotráfico, comentou que a imposição de regras deve partir sempre do governo,
nunca do narcotráfico. Na sua
opinião, a governadora do PT tem
consciência disso.
No passado, as Forças Armadas
foram convocadas a intervir no
Rio em três momentos diferentes.
Uma vez em 1999 e em outras
duas ocasiões em 1994.
Colaborou a Redação
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