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Shopping Frei Caneca barra entrada de cachorros grandes e irrita donos
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Não adianta balançar o rabo
ou fazer cara de cachorro pidão. Desde sábado, o shopping
Frei Caneca tem irritado donos ao impor um limite de altura para entrada de cães.
Raças com mais de 40 cm de
altura -medidos pelo dorso-
estão proibidas de entrar. Só
passam, por exemplo, maltês,
pinscher, yorkshire e algumas
variações de poodle.
Para raiva dos donos, os seguranças são inflexíveis. Uma
régua adesiva foi colada à porta para medir os bichos. E não
demorou para que alguém
achasse que a história fosse
uma cachorrada.
"É ridículo. Os cães pequenos é que arrumam confusão,
as raças maiores são mais dóceis. O tamanho do cachorro
não tem nada a ver com o
comportamento", diz o professor de inglês Tony Lawrence, barrado no sábado passado
com a vira-lata Samba.
Quem for ao pet shop que fica no subsolo do shopping
tem de dar a volta no prédio e
passar pela entrada lateral do
supermercado -o que tem
causado mais indignação.
"Acho um absurdo. Não
posso entrar com o meu cachorro pela garagem porque
ele não pode subir de elevador
nem pelas escadas. Também
não posso entrar pela porta
principal, tenho de dar a voltar e passar pelo supermercado, pela área de alimentos",
diz o dentista Sérgio Girotto,
proibido de entrar ontem com
o labrador Ignacio.
Raças
Para justificar a proibição, o
shopping lista uma lei e um
decreto que tratam apenas
das raças pit bull, rottweiller,
mastim napolitano e american staffordshire terrier -que
devem ser conduzidos de coleira, enforcador e focinheira,
sem nenhuma menção ao limite de altura de 40 cm.
"Isso é ilegal. Qual a finalidade de ter um pet shop se os
cachorros não podem entrar?
Tenho outra loja no Eldorado
e não tenho dor de cabeça. Só
deveria ser proibido na praça
de alimentação", diz Artur
Nitta, dono do Bicho sem Grilo, no Frei Caneca.
"Já ouvi muita reclamação
dos donos, dizem que, se for
para proibir, tem de proibir
todos, não só as raças pequenas", diz o segurança Juarez,
que faz o controle, na porta, de
quem pode entrar.
"Seleção por tamanho não
faz sentido. Há muitos animais pequenos que são ranhetas. Cães de grande porte são
dóceis e utilizados como cães-guias. Não há motivos para
barrar um labrador", diz Denise Schwartz, professora de
veterinária da USP.
Em nota, o shopping Frei
Caneca diz que "todas as determinações seguem a legislação pertinente ao assunto".
Se a passagem para o supermercado estiver bloqueada,
afirma a administração, "os
usuários juntamente com seu
cachorro seguem devidamente acompanhados pela equipe
de segurança".
Mais tolerante, o shopping
Pátio Higienópolis não adota
restrições de altura para cães,
mas exige que os bichos andem de coleira. No Iguatemi,
os cachorros de grande porte
podem circular livremente na
alameda de serviços e só são
barrados nos corredores nos
fins de semana, dias de maior
movimento de clientes.
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