São Paulo, segunda, 18 de maio de 1998

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ADMINISTRAÇÃO
Pitta e Maluf investem R$ 122 mi em construção de escolas em 5 anos; para obras foram R$ 2,72 bi
Verba escolar soma 4% do gasto com obra

CARLOS MAGNO DE NARDI
da Reportagem Local

A soma dos recursos destinados para construção e reforma de escolas e creches pelas administrações Paulo Maluf e Celso Pitta representa pouco mais de 4,5% do dinheiro gasto pelo município de São Paulo com obras viárias no período entre 1993 e 1998.
Relatórios de execução orçamentária encaminhados pela prefeitura à Câmara e obtidos pela Folha mostram que, nesse período, São Paulo empenhou para o pagamento de obras viárias R$ 2,72 bilhões contra R$ 122,8 milhões para construções, reformas e ampliações de escolas e creches.
Entre as obras viárias estão os túneis Ibirapuera e Pinheiros e o sistema viário Jacu-Pêssego.
A maior destinação de recursos para obras viárias pela prefeitura - cerca de R$ 1 bilhão- ocorreu em 1996, ano da eleição de Celso Pitta.
Só o túnel Ibirapuera, um dos símbolos da administração Paulo Maluf, recebeu cerca de R$ 164 milhões, mais que o dobro das verbas empenhadas para construção de escolas e creches durante todo o ano de 1996 -R$ 59 milhões.
A partir da posse de Pitta, em janeiro de 1997, a crise financeira da prefeitura forçou a administração a reduzir os investimentos.
Em 1997, obras viárias receberam R$ 205 milhões. Para escolas e creches foram R$ 18 milhões.
Os dados mostram que, nos primeiros meses de 1998, a gestão Pitta destinou R$ 13,9 milhões para obras viárias e R$ 478 mil para reforma e construção de escolas.
Ainda de acordo com esses relatórios, do total de despesas empenhas pelo município entre 1993 e 1998 (R$ 31, 7 bilhões), Maluf e Pitta destinaram 0,39% para construção de novas unidades escolares e creches e 8,6% para grandes obras viárias.
Pitta e técnicos da administração Maluf afirmam que os números não caracterizam um possível descaso com educação (leia texto nesta página).
Segundo a Secretaria Municipal da Educação, 55 escolas foram construídas e oito ampliadas entre 1993 e 1998.
A cidade de São Paulo tem hoje em atividade 388 unidades de educação infantil com 223.648 alunos atendidos e 383 unidades de educação fundamental, que atendem 626 mil estudantes.
No total, incluído também ensino médio e especial, o município atende 856.906 alunos.
Estudo elaborado Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo mostra que São Paulo tem cerca de 200 mil crianças de 4 a 6 anos e 59 mil entre 7 e 14 anos fora da escola.
A comissão de Educação da Câmara estima em 40 mil o número de crianças entre 7 e 14 anos sem acesso ao ensino.

CPI
Os gastos da administração Celso Pitta com ensino estão sob investigação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) instalada na Câmara Municipal.
O autor do pedido de investigação e presidente da CPI da Educação, vereador Vicente Cândido (PT), afirma que o município não destinou para educação 30% da receita municipal, como determina a Lei Orgânica.



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