São Paulo, segunda-feira, 18 de junho de 2001

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SÃO PAULO

Polícia Militar estima que 200 mil pessoas participaram da quinta edição do evento, o maior do gênero no país

Parada gay registra recorde de público

Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
Vista geral da parada que foi realizada na avenida Paulista


SÍLVIA CORRÊA
ESTANISLAU MARIA
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A 5ª Parada do Orgulho GLBT (de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros), realizada ontem no centro de São Paulo, contou com o maior público já registrado em eventos do gênero no país.
De acordo com a Polícia Militar, que manteve 400 policiais na área, cerca de 200 mil pessoas acompanharam a caminhada das 15h às 20h. Entre elas estavam a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, e o deputado José Genoino, pré-candidato petista ao governo.
Nas edições anteriores, a parada reuniu de 2.000 pessoas (1997) a 100 mil (2000). O número deste ano põe o evento paulista entre os maiores do mundo, atrás de Sydney e Nova York (500 mil), Berlim (350 mil), San Francisco (300 mil) e Paris (250 mil).
As ruas do centro foram interditadas, provocando nove quilômetros de filas nas avenidas Paulista, Rebouças e proximidades.
O dia do orgulho gay surgiu em todo mundo depois de um confronto entre homossexuais e policiais, em 28 de junho de 1969, em Nova York. Mas o tom crítico do ato cede, ano a ano, lugar à festa.
Ontem, ela foi um verdadeiro Carnaval fora de época, com 12 carros de som, três ônibus, arco-íris de bexigas e bandeiras de seis cores -símbolo GLBT-, que representam a vida (roxo), o coração (laranja), o sol (amarelo), a natureza (verde), a harmonia (azul anil) e o espírito (violeta). Mas não faltaram bandeiras do PSTU e da CUT e cartazes contra o preconceito, além da distribuição de 50 mil preservativos.
O principal motivo da manifestação era celebrar a liberdade de opção. E, por ela, misturaram-se jovens garotas de mãos dadas, drag queens, 400 voluntários, pais com filhos nos ombros, viúvas com cachorrinhos e muitas famílias. O slogan da parada pedia que os participantes abraçassem a diferença. E eles abraçaram.
"Vim para dizer ao presidente que o Brasil tem de ser alegre assim", disse a aposentada Helena Vieira Vinhal, 70. "Queremos que ele cresça respeitando a diferença", disse o professor Vicente Valery, que, acompanhado pela mulher, Flávia, levava o filho Antônio, 2, nos ombros.
A multidão começou a se concentrar às 14h na Paulista. Pouco depois das 15h, a parada foi aberta por um discurso da prefeita (leia abaixo). Em seguida, Edson Cordeiro cantou o Hino Nacional e o hit "I will survive", que levantou a multidão que tomava um quilômetro de avenida. As calçadas também estavam lotadas e chovia papel picado dos prédios.
O abre-alas chegou à praça da República às 17h50. Às 19h, os participantes cantaram o "Hino à Diversidade" e a "Ave Maria", dedicada ao adestrador Edson Néris, morto em 2000 por carecas na praça da República. A festa terminou às 20h, sem incidentes.


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