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AIDS
Projeto-piloto, a ser implantado ainda neste ano em quatro cidades do país, tem como alvo alunos com mais de 14 anos
Governo vai distribuir preservativo na escola
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
A Coordenação Nacional de
Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids prepara a implantação em quatro municípios, ainda
neste ano, de um projeto-piloto
de distribuição de preservativos
em escolas de ensino médio.
O objetivo é antecipar o trabalho preventivo, devido à iniciação
sexual cada vez mais precoce dos
adolescentes, segundo informou
a psicóloga Denise Doneda, chefe
da Unidade de Prevenção do Programa Nacional de DST/Aids.
"A vida sexual dos adolescentes
está começando com 12, 13 anos",
disse a psicóloga, que na noite de
anteontem participou em Santos
(SP) da cerimônia de abertura do
1º Congresso Santista de Aids,
promovido pela prefeitura local.
Apesar disso, segundo a psicóloga, os alvos iniciais serão adolescentes com idade superior a 14
anos, preferencialmente estudantes do período noturno.
As cidades que receberão o projeto-piloto são Curitiba, São Paulo, São José do Rio Preto (SP) e
Rio Branco (AC).
"São locais onde já há trabalhos
[de caráter preventivo] iniciados
nas escolas e onde as prefeituras
manifestaram interesse", afirmou
Doneda.
De acordo com dados do Censo
2000, estavam matriculados em
escolas de ensino médio, nesses
quatro municípios, aproximadamente 730 mil estudantes.
O projeto terá a participação do
Ministério da Educação, responsável pela capacitação de professores, das prefeituras, que estão
elaborando planos para operacionalizar o trabalho, e até dos grêmios estudantis.
Segundo Denise Doneda, por se
tratar de algo novo e de um projeto ainda embrionário, a coordenação está discutindo com as prefeituras a maneira de efetuar a
distribuição e de como sensibilizar a comunidade escolar e obter
apoio das famílias dos estudantes.
"Não sabemos ainda como fazer. De que maneira reagirão os
pais ao verem a filha chegando em
casa com um preservativo?", indagou Doneda.
Também se busca fixar critérios
para oferecer as camisinhas, de
maneira a evitar o desperdício do
material. Uma das hipóteses cogitadas pelo governo é instalar em
algumas escolas máquinas de fornecimento de preservativos.
Segundo a psicóloga, a distribuição e a comercialização de camisinhas no país são crescentes,
mas o uso ainda é insuficiente em
termos de prevenção às doenças
sexualmente transmissíveis.
De acordo com dados de pesquisas apresentados pela psicóloga, entre 1999 e 2003, o uso de preservativo na última relação sexual
saltou de 23,9% para 28,4% entre
a população sexualmente ativa.
Mais preservativos
O Ministério da Saúde quer pelo
menos dobrar o consumo de preservativos no país, de maneira a
atingir a meta de redução de incidência da Aids de 15 para 10 casos
por grupo de 100 mil habitantes.
Para isso, é necessário dobrar a
demanda anual, o que implicará
um consumo -entre produtos
comercializados e distribuídos-
de 1,2 bilhão de preservativos.
O principal meio de induzir o
consumo, de acordo com Denise
Doneda, é reduzir o custo. A intenção do ministério é desenvolver ações para que o preço para o
consumidor caia para pelo menos
R$ 0,20 por unidade.
Ontem, em uma drogaria no
bairro Marapé, em Santos, o preço das embalagens com três camisinhas, de diferentes marcas, variava de R$ 1,10 a R$ 1,86 (de R$
0,37 a R$ 0,62 a unidade).
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