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URBANISMO
Projeto, que terá de passar por segunda votação, inclui regras para uso e ocupação do solo e planos regionais
Câmara aprova novo zoneamento de SP
DA REPORTAGEM LOCAL
Cercada de críticas, além de
suspeitas de favorecimento, o
projeto de lei que define o zoneamento e os planos diretores regionais de São Paulo foi aprovado
ontem na Câmara Municipal, em
primeira votação. Para ser aprovado, o projeto precisava de pelo
menos 33 votos a favor -teve 36.
Nove vereadores foram contra.
Vereadores governistas agora
pretendem, em menos de uma semana, realizar uma audiência pública, reescrever os pontos ambíguos e modificar alguns aspectos
da lei, que possui cerca de mil páginas distribuídas em 35 volumes.
A meta é levar o projeto definitivo
à segunda votação na próxima
quarta-feira.
Os planos diretores regionais
determinam os usos permitidos
em cada bairro, orientando o
crescimento da cidade. Eles completam e detalham o Plano Diretor, aprovado em setembro de
2002, e tratam de questões como
trânsito, corredores comerciais e
manutenção de áreas verdes. Já a
lei de zoneamento define o que
pode e o que não pode funcionar
em determinadas áreas, inclusive
o quanto poderá ser construído.
As duas legislações foram fundidas em uma única.
A arquiteta Regina Monteiro,
presidente do Movimento Defenda São Paulo, disse que há contradições entre as regras de zoneamento e os planos regionais.
Monteiro afirmou que sua entidade detectou 50 inconsistências
no projeto. "Cerca de 90% dos
mapas que analisamos tinham
um perímetro de zoneamento diferente do que estava descrito no
texto da lei."
Devido à complexidade do assunto, a oposição criticou a pressa
da prefeitura em aprovar a lei. Por
meio de um expediente regimental, o projeto passou anteontem,
em pouco mais de uma hora, por
cinco comissões da Câmara. O
governo argumenta que o tema é
debatido há mais de três meses.
Um dos aspectos mais criticados é o suposto poder excessivo
que o projeto dá ao Executivo. "É
um cheque em branco", disse o
vereador Domingos Dissei (PFL).
O relator contesta. "No que diz
respeito ao uso e regulamentação
do solo, nada pode ser definido
por decreto", disse.
Segundo Bonduki, o projeto delega ao Executivo a classificação
de usos novos ou especiais. Assim, caso surja na cidade um novo
serviço, que conjugue loja de roupas com restaurante, por exemplo, caberia a uma comissão formada por órgãos da prefeitura e
entidades da sociedade civil a
classificação desse uso e conseqüente definição de onde ele poderia ser instalado. Porém, afirma
Bonduki, isso não é uma novidade, pois a prefeitura já atua assim.
"A nossa esperança era que o
projeto mudasse essa prática, pois
foi isso que permitiu a instalação
de lojas irregulares na alameda
Gabriel Monteiro da Silva [zona
oeste], sob o nome de "show
room". Essas definições têm de ser
feitas por lei", disse Regina Monteiro. Segundo Bonduki, a versão
final da lei não dará margens a indefinições.
Alteração
Anteontem, o vereador Milton
Leite (PSDB) havia dito que uma
modificação no zoneamento,
proposta pela prefeitura, beneficia os proprietários de um terreno
na marginal Pinheiros. Procurada
pela Folha para explicar a mudança, a assessoria da Secretaria
Municipal de Planejamento não
respondeu. Bonduki disse não saber os motivos da mudança.
A audiência pública para debater o projeto será realizada na próxima quarta-feira, às 10h.
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