São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2008

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Historiador não descarta a atuação do Exército em questões de violência urbana

DA SUCURSAL DO RIO

Para o historiador José Murilo de Carvalho, autor do livro "Forças Armadas e Política no Brasil", apesar da falta de transparência e dos resultados desastrosos do Exército no morro da Providência, o uso das Forças Armadas em questões de violência urbana ou em ações sociais não deve ser descartado.
"Dizer que elas não estão preparadas leva à pergunta sobre se as duas polícias [civil e militar do Rio] estão. Por relatórios que se tem da atuação das Forças Armadas no Haiti, ela tem sido bastante exitosa. Poderia ser o caso de usar essa experiência no Rio. Mas toda a cautela é pouca para evitar danos à população, às Forças Armadas e ao Estado de Direito."
O fundador do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp, Geraldo Cavagnari, também defende que não é fora de propósito o emprego de Exército na segurança pública. Ele diz, no entanto, que isso só deve acontecer em situações excepcionais e por um período de tempo determinado.
"A sociedade, quando emprega as Forças Armadas em ações policiais, deve estar ciente de que, antes de pacificar uma região, elas vão combater os grupos criminosos, e matar em combate não é um desatino. No caso de uma reviravolta muito grande, podem até ser chamadas, mas segurança pública não é um problema militar", diz.
Carvalho e Cavagnari também concordam que as Forças Armadas podem ser usadas, secundariamente, em ações sociais. Para o pesquisador da Unicamp, que é também coronel da reserva, isso é comum na região amazônica.
"As Forças Armadas consomem recursos do contribuinte. Na ausência de emprego militar na defesa externa, não é fora de propósito o uso tópico delas em outras atividades. A Constituição prevê isso. Mas tem que ser feito com total transparência. Não foi o que se deu na Providência", diz o historiador. (AG)


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