São Paulo, quinta-feira, 18 de junho de 2009

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USP adia ensino a distância para 2010

Principal motivo é um impasse entre a universidade e a Secretaria de Ensino Superior sobre o modelo do programa

Professores afirmam que pasta teria todo o controle do curso; secretário diz que projeto foi aprovado por comitê formado por docentes


FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio à greve de professores, funcionários e alunos, a USP adiou o início da primeira graduação a distância da universidade, a de licenciatura em ciências. O vestibular seria em agosto, com aulas no mês seguinte, mas deve ficar para 2010. O fim do projeto de cursos a distância é uma das bandeiras dos grevistas -para eles, o modelo não tem a qualidade do ensino presencial.
A Folha apurou que o principal motivo do adiamento é um impasse entre a universidade e a Secretaria de Ensino Superior sobre o modelo do projeto. A discordância, dizem professores que participam do programa, ocorre desde antes da paralisação, iniciada em maio.
A USP não divulgou oficialmente o adiamento, mas os docentes foram taxativos ao indicar a impossibilidade de início em 2009. O próprio secretário de Ensino Superior, Carlos Vogt, vê como "improvável" a manutenção do calendário.
A previsão é que o curso seja implementado por meio de convênio, ainda não assinado, dentro da Univesp -que reúne as universidades públicas para oferecer cursos a distância, sob coordenação da secretaria.
A Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo) é o principal programa da pasta, criada pelo governador José Serra (PSDB) no início do mandato. Também é um dos projetos mais importantes do Executivo para qualificar os professores do ensino básico.
O financiamento do curso ficaria a cargo do governo - R$ 12 milhões por cinco anos, com 360 vagas anuais.
Segundo a Folha apurou com docentes do programa, a USP não concorda com o formato exigido pela pasta. Entende-se que há "ingerência" e "interferência" do governo.
A queixa é que o projeto pedagógico teria de ser aprovado pela secretaria, que poderia também usá-lo para oferecer em outros cursos. Afirmam também que os dados ficariam hospedados em servidores do governo. Assim, dizem, a secretaria teria todo o controle do curso, que é debatido na universidade desde 2004.
Uma hipótese levantada na USP é que o curso saia da Univesp e apenas seja bancado pelo governo (sem precisar atender aos termos do programa). Outra é a própria universidade custeá-lo. Ainda assim, as aulas não começariam neste ano.

Compromissos
O secretário Vogt admite que o calendário inicial não será cumprido. "Na melhor das hipóteses, as aulas poderiam começar no final do ano. Mas teríamos de chegar a um acordo sobre o convênio até o mês que vem, o que não é provável."
Segundo ele, o curso deve começar no ano que vem. "Não há questão substancial que impeça a oferta do curso", disse Vogt, que não quis detalhar quais são os impasses.
Ele, porém, rebateu as reclamações dos docentes. Diz que o projeto foi aprovado pelo comitê diretivo da Univesp, formado por professores das universidades, inclusive os reitores.
Afirmou também que a pasta não pretende se apoderar do conteúdo e que os dados ficariam no sistema do governo apenas para monitoramento.
Em nota, a reitoria da USP diz que "o curso depende do estabelecimento de convênio com a secretaria, que garanta o financiamento das atividades e infraestrutura necessária, com vistas à qualidade que permeia os cursos na universidade".
A Unesp, que vai oferecer 5.000 vagas para pedagogia na Univesp, afirma que o projeto está dentro do cronograma e deve começar neste ano.


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