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USP adia ensino a distância para 2010
Principal motivo é um impasse entre a universidade e a Secretaria de Ensino Superior sobre o modelo do programa
Professores afirmam que pasta teria todo o controle do curso; secretário diz que projeto foi aprovado por comitê formado por docentes
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Em meio à greve de professores, funcionários e alunos, a
USP adiou o início da primeira
graduação a distância da universidade, a de licenciatura em
ciências. O vestibular seria em
agosto, com aulas no mês seguinte, mas deve ficar para
2010. O fim do projeto de cursos a distância é uma das bandeiras dos grevistas -para eles,
o modelo não tem a qualidade
do ensino presencial.
A Folha apurou que o principal motivo do adiamento é um
impasse entre a universidade e
a Secretaria de Ensino Superior sobre o modelo do projeto.
A discordância, dizem professores que participam do programa, ocorre desde antes da
paralisação, iniciada em maio.
A USP não divulgou oficialmente o adiamento, mas os docentes foram taxativos ao indicar a impossibilidade de início
em 2009. O próprio secretário
de Ensino Superior, Carlos
Vogt, vê como "improvável" a
manutenção do calendário.
A previsão é que o curso seja
implementado por meio de
convênio, ainda não assinado,
dentro da Univesp -que reúne
as universidades públicas para
oferecer cursos a distância, sob
coordenação da secretaria.
A Univesp (Universidade
Virtual do Estado de São Paulo) é o principal programa da
pasta, criada pelo governador
José Serra (PSDB) no início do
mandato. Também é um dos
projetos mais importantes do
Executivo para qualificar os
professores do ensino básico.
O financiamento do curso ficaria a cargo do governo -
R$ 12 milhões por cinco anos,
com 360 vagas anuais.
Segundo a Folha apurou
com docentes do programa, a
USP não concorda com o formato exigido pela pasta. Entende-se que há "ingerência" e
"interferência" do governo.
A queixa é que o projeto pedagógico teria de ser aprovado
pela secretaria, que poderia
também usá-lo para oferecer
em outros cursos. Afirmam
também que os dados ficariam
hospedados em servidores do
governo. Assim, dizem, a secretaria teria todo o controle do
curso, que é debatido na universidade desde 2004.
Uma hipótese levantada na
USP é que o curso saia da Univesp e apenas seja bancado pelo governo (sem precisar atender aos termos do programa).
Outra é a própria universidade
custeá-lo. Ainda assim, as aulas
não começariam neste ano.
Compromissos
O secretário Vogt admite que
o calendário inicial não será
cumprido. "Na melhor das hipóteses, as aulas poderiam começar no final do ano. Mas teríamos de chegar a um acordo
sobre o convênio até o mês que
vem, o que não é provável."
Segundo ele, o curso deve começar no ano que vem. "Não há
questão substancial que impeça a oferta do curso", disse
Vogt, que não quis detalhar
quais são os impasses.
Ele, porém, rebateu as reclamações dos docentes. Diz que o
projeto foi aprovado pelo comitê diretivo da Univesp, formado
por professores das universidades, inclusive os reitores.
Afirmou também que a pasta
não pretende se apoderar do
conteúdo e que os dados ficariam no sistema do governo
apenas para monitoramento.
Em nota, a reitoria da USP
diz que "o curso depende do estabelecimento de convênio
com a secretaria, que garanta o
financiamento das atividades e
infraestrutura necessária, com
vistas à qualidade que permeia
os cursos na universidade".
A Unesp, que vai oferecer
5.000 vagas para pedagogia na
Univesp, afirma que o projeto
está dentro do cronograma e
deve começar neste ano.
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