São Paulo, quinta-feira, 18 de junho de 2009

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França critica Brasil por negar acesso a laudo

Diretor do órgão que investiga acidente do voo 447 afirma que peritos franceses não estão vendo resultados das autópsias

PF e Secretaria da Defesa Social de PE negam estar dificultando o acesso de especialistas da França ao trabalho de perícia


Marinha do Brasil/France Presse
Destroço do Airbus da Air France encontrado ontem pelas equipes de buscas que trabalham na região da queda no oceano Atântico

CÍNTIA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O diretor do BEA (Escritório de Investigação e Análise), órgão francês que investiga o acidente com o voo 447 da Air France, disse ontem que os peritos franceses não estão tendo acesso aos laudos das autópsias dos corpos das vitimas, que vêm sendo examinados em Recife. "Não estou contente", afirmou Paul-Louis Arslanian.
Segundo ele, um médico legista francês com "muita experiência" em autópsias de vítimas de acidentes aéreos não foi autorizado a participar dos trabalhos, apesar de ter tido contato com seus colegas brasileiros e franceses. "Espero ter uma explicação", afirmou.
Arslanian disse que suas declarações não eram um ataque às autoridades brasileiras, apenas uma constatação. Ele lamentou, porém, não ter tido acesso aos laudos. "No momento, não temos nenhuma informação. Consideramos que essas autópsias são importantes dentro da investigação para determinar o que se passou. Precisamos ter acesso a esses elementos", disse.
A Polícia Federal e a Secretaria da Defesa Social de Pernambuco negaram estar dificultando o acesso de especialistas franceses à perícia.
Segundo a PF, não há impedimento para que franceses acompanhem autópsias, desde que sigam "as vias legais", sejam credenciados pela Embaixada da França, pela PF e autorizados pelo governo brasileiro.
Várias solicitações de acompanhamento dos exames foram feitas, mas, segundo a PF, apenas quatro peritos franceses obtiveram autorização.
A PF diz que não foram concedidas mais autorizações por "critérios técnicos". Também considerou que o número já era suficiente e abrangia diversas especialidades. Desde o dia 10, esses especialistas acompanham os trabalhos no IML, como observadores. O exame dos corpos é atribuição brasileira.
Sobre a queixa de Arslanian de que não recebeu os resultados das autópsias, a PF diz que isso aconteceu porque ninguém ainda foi identificado.
Uma força-tarefa, integrada por especialistas de três Estados e da PF, examina os corpos de 49 dos 50 ocupantes do Airbus encontrados no mar até agora. O avião levava a bordo 228 pessoas. Um corpo, resgatado anteontem, permanece em um navio brasileiro na área de buscas, a 1.450 km de Recife.
Os seis corpos que estavam em Fernando de Noronha (PE) foram levados a Recife ontem à tarde. Um navio francês resgatou ontem fragmentos de corpos, bagagens e destroços.
No total, cerca de 400 peças do Airbus foram resgatadas. No entanto, disse Arslanian, "é quase certo" que não se conseguirá recuperar o avião inteiro.


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