|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
França critica Brasil por negar acesso a laudo
Diretor do órgão que investiga acidente do voo 447 afirma que peritos franceses não estão vendo resultados das autópsias
PF e Secretaria da Defesa Social de PE negam estar dificultando o acesso de especialistas da França
ao trabalho de perícia
Marinha do Brasil/France Presse
|
|
Destroço do Airbus da Air France encontrado ontem pelas equipes de buscas que trabalham na região da queda no oceano Atântico
CÍNTIA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
O diretor do BEA (Escritório
de Investigação e Análise), órgão francês que investiga o acidente com o voo 447 da Air
France, disse ontem que os peritos franceses não estão tendo
acesso aos laudos das autópsias
dos corpos das vitimas, que
vêm sendo examinados em Recife. "Não estou contente", afirmou Paul-Louis Arslanian.
Segundo ele, um médico legista francês com "muita experiência" em autópsias de vítimas de acidentes aéreos não foi
autorizado a participar dos trabalhos, apesar de ter tido contato com seus colegas brasileiros e franceses. "Espero ter
uma explicação", afirmou.
Arslanian disse que suas declarações não eram um ataque
às autoridades brasileiras, apenas uma constatação. Ele lamentou, porém, não ter tido
acesso aos laudos. "No momento, não temos nenhuma informação. Consideramos que essas autópsias são importantes
dentro da investigação para determinar o que se passou. Precisamos ter acesso a esses elementos", disse.
A Polícia Federal e a Secretaria da Defesa Social de Pernambuco negaram estar dificultando o acesso de especialistas
franceses à perícia.
Segundo a PF, não há impedimento para que franceses
acompanhem autópsias, desde
que sigam "as vias legais", sejam credenciados pela Embaixada da França, pela PF e autorizados pelo governo brasileiro.
Várias solicitações de acompanhamento dos exames foram
feitas, mas, segundo a PF, apenas quatro peritos franceses
obtiveram autorização.
A PF diz que não foram concedidas mais autorizações por
"critérios técnicos". Também
considerou que o número já era
suficiente e abrangia diversas
especialidades. Desde o dia 10,
esses especialistas acompanham os trabalhos no IML, como observadores. O exame dos
corpos é atribuição brasileira.
Sobre a queixa de Arslanian
de que não recebeu os resultados das autópsias, a PF diz que
isso aconteceu porque ninguém ainda foi identificado.
Uma força-tarefa, integrada
por especialistas de três Estados e da PF, examina os corpos
de 49 dos 50 ocupantes do Airbus encontrados no mar até
agora. O avião levava a bordo
228 pessoas. Um corpo, resgatado anteontem, permanece
em um navio brasileiro na área
de buscas, a 1.450 km de Recife.
Os seis corpos que estavam
em Fernando de Noronha (PE)
foram levados a Recife ontem à
tarde. Um navio francês resgatou ontem fragmentos de corpos, bagagens e destroços.
No total, cerca de 400 peças
do Airbus foram resgatadas. No
entanto, disse Arslanian, "é
quase certo" que não se conseguirá recuperar o avião inteiro.
Texto Anterior: Trânsito: Mortes caem 22,5% nas capitais após a lei seca Próximo Texto: Justiça impõe 1ª indenização para Air France Índice
|