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SAIBA MAIS
Ao contrário
de nós, lendas ressuscitam
HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA
Exatamente como seres
vivos, lendas urbanas nascem, crescem, sofrem mutações, se reproduzem e finalmente morrem. Ao contrário de seres vivos ordinários, elas muitas vezes
ressuscitam.
Podemos distinguir várias categorias de lendas.
As mais elaboradas, como
a que circulou no Campo
Limpo, são narrativas com
personagens e enredo.
Costumam misturar elementos de suspense, terror e até algum humor.
Frequentemente funcionam como histórias de
advertência e carregam
uma moral. Podem trazer
bons resultados. Após terem ouvido os terríveis relatos do carro preto que sequestra crianças, meus filhos pararam de sair correndo à minha frente no
percurso para a escola.
Uma explicação engenhosa para o mecanismo
pelo qual lendas urbanas
"vivem" foi proposto pelo
biólogo Richard Dawkins
em 1976. São os polêmicos
memes, unidades de informação cultural capazes de
propagar-se entre mentes
humanas de modo análogo àquele pelo qual genes
se perpetuam em seres vivos. Exemplos emblemáticos são, além das lendas
urbanas, a tecnologia, piadas, factoides e até a religião, considerada como
um complexo de memes.
Como pode uma ideia,
que é imaterial, reproduzir-se como organismos
biológicos? Para os evolucionistas, esse não é um
problema. Vírus de computador não têm material
biológico e se espalham
mais rápido do que moléstias. Ideias, afinal, têm em
comum com genes características fundamentais da
evolução: variação, competição e possibilidade de
ter mais ou menos sucesso
reprodutivo. Afinal, só as
melhores histórias são recontadas ou dignas de receber um "forward" (encaminhar) no computador.
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